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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Teodoro (2003) comenta que isso não deve conduzir ao entendimento de que as<br />

ciências humanas sejam “mera ficção”. Entretanto, não devem também ser consideradas<br />

como “mera realidade”, pois “estão impregnadas de literatura, de formas de contar sobre o<br />

outro, que são escolhidas pelo pesquisador” (p. 66-67).<br />

Neste trabalho verificou-se que, em pesquisa interpretativa, a realidade descrita<br />

pelo pesquisador está cheia dele mesmo e, como não há outra maneira de descrevê-la, ele<br />

precisa assumir que se encontra numa atividade de aprendizagem, caracterizada<br />

fundamentalmente por ser um processo no qual conhecer é também um processo de<br />

autoconhecimento. Assim sendo, é necessário que explicite o mais claramente possível<br />

seus pontos de vista e que, à medida que produza conhecimentos, tente entender, ele<br />

mesmo, o que está sendo feito e o que está deixando de sê-lo.<br />

4.3.2 Da descrição densa à teoria: uma ciência interpretativa<br />

Ao sintetizar as características da descrição etnográfica, Geertz (1978) observa que,<br />

além de ser interpretativa de um fluxo do discurso social e de procurar fixá-lo para<br />

pesquisas, de forma a preservá-lo da extinção, é também microscópica, ou seja, busca um<br />

conhecimento extensivo de assuntos considerados pequenos, o que não quer dizer que não<br />

haja interpretações antropológicas de contextos mais amplos. Entretanto, este é um<br />

problema metodológico importante: como utilizar verdades locais para obter visões de<br />

caráter mais amplas e gerais?<br />

Um primeiro cuidado a ser tomado é não confundir o locus do estudo etnográfico<br />

com o “objeto” do estudo etnográfico. Isso quer dizer que os etnógrafos não estudam “as”<br />

aldeias ou “as” comunidades, mas “nas” aldeias e “nas” comunidades. O segundo cuidado<br />

refere-se aos achados e descobertas etnográficos que são, antes de mais nada,<br />

interpretações, e não hipóteses testadas e aprovadas cientificamente em “laboratórios<br />

naturais”, conceito que Geertz (2003) considera completamente inadequado.<br />

O que é importante nos achados do antropólogo é a sua especificidade<br />

complexa, sua circunstancialidade. É justamente com essa espécie de<br />

material produzido por um trabalho de campo quase obsessivo de<br />

peneiramento, a longo prazo, (...) altamente participante e realizado em<br />

contextos confinados que os megaconceitos com os quais se aflige a

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