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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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e de produção de informações que determina um desequilíbrio no campo informacional,<br />

dificultando a instauração de novas perspectivas para abordagem dos problemas e a<br />

construção do terceiro conhecimento.<br />

Considerando que uma formulação é tão mais informativa quanto mais representa<br />

um avanço (em termos de conhecimento) para um determinado grupo ou comunidade de<br />

interpretação, viu-se que o Consep, ao fechar-se a diferentes contribuições, tem evitado<br />

difíceis conflitos com outras organizações comunitárias e públicas (como a escola, o<br />

Conselho Tutelar, a Comovec, a GM, o Corpo de Bombeiros, a justiça, os movimentos<br />

pelos direitos humanos, os bairros Serrano, Confisco, Paquetá e outros ausentes nas<br />

reuniões), mas limita suas possibilidades de produzir novas informações e sentidos.<br />

A situação descrita pode ser melhor interpretada e analisada quando questões<br />

levantadas nos primeiros capítulos são retomadas, pois, através de alguns conceitos ali<br />

estudados e desenvolvidos, é possível obter uma compreensão sobre o que está<br />

acontecendo ao Consep em termos informacionais.<br />

Ao excluir o cidadão do trabalho de construção da ordem social, optando por um<br />

modelo militarizado e centralizado, a PM, na verdade, prescindiu do sujeito sociohistórico<br />

da informação e, sem adesão popular, tornou-se estranha a numerosos segmentos da<br />

população, pelos quais é temida, rechaçada e, em algumas situações, até mesmo,<br />

ridicularizada. Antes de buscar garantir a segurança e a cidadania das classes populares,<br />

notadamente dos setores mais pobres e das minorias, e de procurar atuar com elas na busca<br />

de solução dos problemas, agiu, preferencialmente, contra a elas e pagou o alto preço do<br />

aumento da criminalidade nas ruas.<br />

São inúmeras as pesquisas que atestam a desconfiança da população, presente em<br />

todas as classes sociais, em relação à polícia e também as evidências do abuso de<br />

poder/autoridade de policiais, sobretudo contra os segmentos mais frágeis da sociedade.<br />

Instalou-se uma desconfiança que pode, muito bem, ser considerada como um dos fatores<br />

que contribuem, por exemplo, para o sucesso da lei do silêncio, imposta por grupos<br />

minoritários a toda uma comunidade desamparada e, às vezes, até mesmo, perseguida pelo<br />

próprio Estado, através de seu braço armado, que é a polícia. Muitos cidadãos preferem,<br />

então, omitir-se como forma de esconder-se da cena eivada de violência que todos estamos<br />

cansados ver e que tem se constituído em matéria de farta exploração por grande parte da<br />

imprensa. Esta, por sua vez, ávida pelo aumento de sua audiência e pela venda de seus<br />

produtos “informativos”, espetaculariza os episódios, numa interpretação completamente

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