INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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A gente fala que a escola não participa, mas a prefeitura tem como influir<br />
nisso. Já vi vários problemas começarem, serem levantados no Consep e não<br />
terem continuidade. Também estamos cobrando as estatísticas para saber os<br />
efeitos dos esforços. Vamos usar esses dados a não ser para conhecê-los? Eu<br />
não entendo de segurança pública, mas sinto na pele a desarticulação (Pcom<br />
03).<br />
Pode-se perceber com clareza o papel da informação: unir as coisas que estão, por algum<br />
motivo, separadas; integrar os esforços díspares, esclarecendo dúvidas e preenchendo vazios.<br />
É nesse sentido que o conselheiro demanda informações. Quando ele diz “eu não sei”, abrese<br />
um espaço para sua construção. A demanda surge no momento em que a falta de<br />
articulação é sentida como problema, ou seja, admite-se um vazio.<br />
Descobre-se aqui que, ao admitir ou assumir conscientemente a existência do “vazio<br />
informacional”, uma pessoa ou grupo, paradoxalmente, abre espaço para a construção de<br />
informações.<br />
Além disso, um outro processo pode ser elucidado. Ao demandar uma outra fonte de<br />
conhecimento – especialista – o conselheiro, como sujeito da informação, revela o possível<br />
papel do mediador no processo de construção da informação. Ele parece ressentir-se de uma<br />
outra fonte de conhecimento, ao tentar superar o impasse do “vazio informacional”. De certa<br />
forma, ele consegue esse intento, mas parece sentir falta de um (poder) mediador, de um<br />
conhecimento mais objetivado talvez, que pudesse tentar a articulação do saber técnico com<br />
as questões práticas que estão a interessar a comunidade. Há demanda de uma informação<br />
que, nesse caso, possa provocar rupturas nos velhos conflitos, trazendo outros dados e<br />
perspectivas e, dessa forma, contribuir na construção do “terceiro conhecimento”.<br />
Dessa forma, pode-se dizer que, esta pesquisa, ao buscar o “terceiro conhecimento”, acaba<br />
por encontrar, também, a sua contrapartida, ou seja, o “vazio informacional”, como um subproduto<br />
das impossibilidades de sua construção. O vazio informacional, no entanto, não é o<br />
reverso ou o contrário do “terceiro conhecimento”, devendo ser concebido como uma<br />
eventual etapa a ser vencida. Isso quer dizer, como poderá ser visto mais claramente à frente,<br />
que não deve ser entendido como uma disfunção, mas como uma situação que deve ser<br />
vivida e reconhecida e, dessa forma, como parte do processo de construção do “terceiro<br />
conhecimento”.