INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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comunicarem-se uns com os outros através da linguagem e de transmitir a seus descendentes<br />
idéias e conhecimentos, numa renovação e atualização constantes, os antropólogos<br />
desenvolveram o conceito de cultura, visando explicar a enorme diversidade comportamental<br />
encontrada entre diferentes sociedades e grupos humanos.<br />
Foi Edward Tiler (1832-1917) quem, pela primeira vez, definiu o conceito de cultura,<br />
considerando-o “em seu amplo sentido etnográfico”, como “esse todo complexo que inclui<br />
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos<br />
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (LARAIA, 2002, p.25).<br />
Historicamente, o conceito de cultura surge no contexto das discussões sobre as origens da<br />
diversidade humana, opondo-se às explicações de cunho determinista de natureza biológica e<br />
geográfica.<br />
Porque possui uma cultura, a espécie humana pôde adaptar-se às contingências<br />
ambientais e não necessitou, como as demais espécies, esperar milhões de anos por mutações<br />
em seu próprio corpo que lhes permitissem uma melhor adaptação frente a vicissitudes e<br />
drásticas mudanças ambientais. A cultura é considerada como um meio de adaptação superorgânico<br />
ou extra-somático, tão amplo e diversificado que pode adaptar-se aos mais variados<br />
ambientes. Como conseqüência, o homem transforma o meio ambiente e transforma todo o<br />
planeta em seu habitat e, nesse processo, transforma-se a si mesmo.<br />
Muito antes de Tiler, o empirista inglês John Lock (1632-1704) já chamava a atenção<br />
para a importância dos processos de aprendizagem e as possibilidades ilimitadas das<br />
realizações humanas, refutando idéias correntes em sua época segundo as quais a mente<br />
humana já nascia dotada de recursos e mecanismos transmitidos hereditariamente, com base<br />
em verdades inatas. O homem depende, portanto, do aprendizado para sobreviver e construir<br />
seu próprio mundo.<br />
Vê-se que a cultura é um processo de acumulação de experiências (consideradas bemsucedidas)<br />
que, através da linguagem, vão sendo comunicadas através de gerações e gerações<br />
sob determinadas condições históricas. É no conjunto desse processo que a informação,<br />
assumindo as mais variadas formas e suportes, desempenha um papel relevante, podendo ser<br />
definida como “comunicação de experiência”.<br />
Pacheco (1995), enfatizando a marca da subjetividade humana existente nos registros<br />
do conhecimento, considera que a informação é um artefato (equipamento) cultural,