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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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cada autor). Deve-se ressaltar, no entanto, que o peculiar é entendido em função de um<br />

contexto, numa relação parte-todo no qual é essencial retornar do todo às partes e viceversa.<br />

Para a hermenêutica, nada do que se interpreta pode ser entendido de uma só vez e<br />

de uma vez por todas.<br />

Conclui-se que o investigador deve procurar entender um texto, tentando desvendar<br />

o que não é muito claro nem mesmo para seu autor, e procurar extrair do material novos<br />

conhecimentos, considerando, inclusive, que o autor não é o melhor, nem o mais indicado<br />

intérprete de sua própria obra. Na entrevista de pesquisa, por exemplo, ocorre a mesma<br />

coisa. A idéia é de dialogar com o autor/informante, buscando desdobramentos históricos<br />

do seu texto, ou seja, o sentido ou os sentidos possíveis daquilo que está sendo registrado.<br />

Fica implícita a idéia de que o leitor (usuário-receptor da informação ou<br />

pesquisador) não é, como já foi visto, passivo no processo, mas um intérprete de segunda<br />

mão. Não se pode considerar, nessa perspectiva, que ele apenas recebe argumentos e<br />

informações contidas no texto. Assim, a hermenêutica assume que o leitor/pesquisador é<br />

um elaborador ativo que busca entender o texto como parte de um todo maior, ou seja, em<br />

seu contexto histórico e em suas implicações para aquele momento e para o futuro.<br />

“Compreender”, no sentido hermenêutico, implica a possibilidade de interpretar, de<br />

estabelecer relações e, daí, tirar diversas conclusões, mas sempre acaba sendo um<br />

compreender-se também, dada a unidade sujeito-objeto. Conhecer é, sempre, um conhecerse.<br />

Numa perspectiva histórica, essa compreensão faz surgirem os vínculos concretos das<br />

tradições e dos costumes e, ainda, as possibilidades quanto ao futuro. Cultiva-se uma<br />

polaridade entre estranheza e familiaridade como forma de esclarecer as condições<br />

sociohistóricas nas quais surgem as falas, os textos e os discursos.<br />

Por seu turno, a dialética, ainda de acordo com Minayo (2002), é a forma mesma<br />

como a realidade se desenvolve, pois no universo tudo é movimento e transformação, nada<br />

permanece como é. Hegel considerava que, antes de tudo, um espírito pensou o universo,<br />

embora tanto o espírito quanto o universo encontrem-se em transformação.<br />

Metodologicamente falando, a dialética seria o estudo da oposição das coisas entre si, pois<br />

a realidade é um todo dinâmico, em permanente desenvolvimento, em unidade de<br />

contrários, cujo conhecimento é um processo de conquistas de verdades relativas como<br />

parte de uma verdade única e absoluta.<br />

Essa posição hegeliana, que dá primazia ao pensamento e à idéia sobre a ação e a<br />

prática na construção da realidade, é invertida em Marx, que re-orienta o processo ou a<br />

lógica dialética a partir de sua base material, de sua historicidade, entendendo que, do

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