INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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membros do Consep que não foram muito freqüentes nas seis primeiras reuniões do ano 50 .<br />
Aprofundou-se, portanto, o processo de “perda e descontinuidade informacional”.<br />
O presidente do Consep, ao que parece, sentindo-se desconfortável e tentando justificar<br />
algumas ausências, disse que “todos estão sentindo as melhorias, mas zerar (a criminalidade)<br />
não é possível”. Também o delegado, assumindo a mesma perspectiva, disse mais à frente,<br />
nessa mesma reunião: “depois que o major terminou sua exposição sobre os índices de<br />
criminalidade na AISP 23, embora estivesse passando dados técnicos, o maior sintoma de que<br />
as coisas estão bem é a freqüência às reuniões do Consep”. Para ele, há uma relação inversa,<br />
“quando as coisas vão bem a freqüência é menor” ou quando a polícia “dá solução, as<br />
pessoas não voltam”.<br />
Apesar de se incomodarem com as ausências de conselheiros importantes às reuniões, o<br />
presidente do Consep e as autoridades policiais não sabem, muito bem, o que fazer. Sem<br />
propostas de articulação de esforços que reúnam a comunidade e outros setores da gestão<br />
pública, o que se dá, em boa medida, por desconhecimento ou falta de informações sobre<br />
policiamento comunitário, estratégias alternativas de prevenção situacional de crimes e<br />
mobilização dos controles informais da comunidade, acabam por interpretar as ausências<br />
como um sinal de que “as coisas vão bem”.<br />
Nessa perspectiva, pode-se dizer, o silêncio da comunidade é interpretado como sucesso, e a<br />
chegada de informações como sinal de que há problemas. É como se as pessoas fossem ao<br />
Consep só para reclamar dos problemas, o que não é verdadeiro. Desconhece-se que quase<br />
todas vão ao Consep procurando ajudar à comunidade e à policia na instauração de soluções<br />
mais duradouras e definitivas, como evidenciam as entrevistas individuais. Também se<br />
ignora a existência de conflitos, desgastes e insatisfações, sobretudo problemas quanto à<br />
representatividade e legitimidade, situação que não se expressa nas reuniões mas surge com<br />
clareza nas entrevistas individuais dos conselheiros.<br />
Mais ao final da reunião o Pcom 06 assumiu uma lógica diferente: “quando melhora a<br />
participação da comunidade a criminalidade diminui”, num tipo de interpretação que pode ser<br />
50 Os presentes, Pcom 7, 11 e 15 compareceram a três das seis reuniões anteriores; Pcom 21 a duas e Pcom 22 a<br />
apenas uma. Somente um dos conselheiros presentes pode ser considerado assíduo, pois compareceu a todas as<br />
reuniões anteriores.