INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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planejada do ponto de vista estratégico (dados estatísticos), tanto preventiva quanto repressiva,<br />
quanto no segundo caso, em que se trata de ouvir e, sobretudo, trocar informações com a<br />
comunidade, como forma de aproximação, sintonia e, também, de legitimação das ações<br />
policiais. A polícia precisa utilizar, portanto, dois tipos de informação: uma de teor<br />
quantitativo, relacionada com os dados, espaciais e temporais, sobre as diversas ocorrências<br />
atendidas, e outra, de teor qualitativo, relacionada com as sensações subjetivas das<br />
comunidades que atende sobre a criminalidade e a ordem pública.<br />
Para melhor contextualizar os aspectos informacionais da organização policial militar<br />
em sua interação com a comunidade, considera-se que é necessário fazer uma retrospectiva<br />
histórica, abordando as origens e o desenvolvimento ulterior dessa instituição, de forma a<br />
entender a natureza e a finalidade das também chamadas forças policiais. Ver-se-á que a<br />
polícia surge no contexto das sociedades democráticas modernas, perseguindo um ideal<br />
iluminista que ainda não foi totalmente atingido.<br />
1.1 O surgimento da polícia moderna<br />
No século XVIII, durante o absolutismo, era muito comum o uso privado da violência<br />
e das armas pessoais para resolução de conflitos nas relações sociais. A violência tinha um<br />
caráter bastante difuso, e os instrumentos de controle e manutenção da ordem pública estavam<br />
estreita e diretamente vinculados a interesses políticos, sendo colocados a serviço das forças<br />
dominantes, sem qualquer compromisso com as classes populares e minoritárias. A<br />
administração da justiça, reproduzindo o espírito da época, era essencialmente punitiva e cruel<br />
no controle do comportamento desviante, utilizando-se de métodos abertamente coercitivos e<br />
torturas para obtenção de confissões e punição de “culpados” 4 .<br />
Mesmo depois, no início do século XIX, com o progresso urbano industrial, a força<br />
militar e as milícias de dirigentes locais, geralmente das elites agrárias, eram regularmente<br />
utilizadas contra as chamadas “classes perigosas” (desempregados, vagabundos, mendigos,<br />
prostitutas, etc), visando à contenção de manifestações de protesto e insatisfação popular que<br />
tentavam subverter a ordem social recém-inaugurada.<br />
4 Ver FOUCAULT (1998).