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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Assim definida a situação de coleta de dados por observação, considera-se o<br />

investigador como um participante da situação observada. Em primeiro lugar, simplesmente<br />

por estar presente e, portanto, exercendo, com essa presença, ainda que involuntariamente,<br />

algum tipo de influência sobre os acontecimentos e, em segundo lugar, porque algumas coisas<br />

foram mais observadas do que outras, pois toda observação faz-se a partir de esquemas<br />

teóricos pré-determinados. Não há, portanto, neutralidade nesse processo de observação<br />

participante.<br />

Minayo (1992) salienta três princípios gerais propostos por Malinowski. O primeiro diz<br />

que o investigador deve imergir na realidade mas sem perder de vista os referenciais teóricos;<br />

o segundo refere-se à disposição que deve possuir para viver no contexto do grupo, e o<br />

terceiro a uma atitude de abertura à realidade. Além desses princípios, procurou-se observar<br />

também as recomendações seguintes acerca das atitudes no trabalho de campo.<br />

(a) O observador deve colocar-se no mundo de seus entrevistados, buscando<br />

entender os princípios gerais que os homens seguem em sua vida cotidiana<br />

para organizar sua experiência, particularmente as de seu mundo social.<br />

Desvendar essa lógica é condição preliminar da pesquisa; (b) Manter uma<br />

perspectiva dinâmica que ao mesmo tempo leve em conta as relevâncias dos<br />

atores sociais, e tenha em mente o conjunto de relevâncias de sua abordagem<br />

teórica, o que lhe permite interagir ativamente com o campo; (c) Abandonar,<br />

na convivência, uma postura externa ‘de cientista’, entrando na cena social<br />

dos entrevistados como uma pessoa comum que partilha do cotidiano. Isto é,<br />

sua estrutura de relevâncias teóricas fica implícita. Sua linguagem no campo<br />

é a mesma do senso comum dos atores sociais (SCHUTZ, citado por<br />

MINAYO, 1992, p.140).<br />

Além disso, considera-se que o pesquisador não tem total controle sobre seu papel no<br />

interior do grupo observado, pois, em boa medida, isso vai depender da situação de pesquisa.<br />

Isso quer dizer que a construção da imagem do pesquisador é marcada por referências do<br />

próprio grupo. Na verdade há, durante o processo de observação, uma construção mútua de<br />

papéis: pesquisador e pesquisado. Sobre essa questão, considerou-se que, de modo geral, o<br />

grupo observado olha o pesquisador muito mais pelo seu comportamento e personalidade do<br />

que pela base lógica de seus estudos. Assim, os grupos se preocupam com o que o pesquisador<br />

fará com os dados coletados e perguntam-se: Será que ele fará algum mal ao grupo? Será que<br />

trairá segredos e estratégias encontradas de viver a realidade concreta? Será que ele é uma boa<br />

pessoa?

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