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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Assim, trata-se de estudar um processo de cognição ou epistemologia social na<br />

mesma perspectiva proposta por Shera (1977), quando diz que os diversos modos de<br />

disseminação e comunicação da informação influenciam o comportamento dos grupos<br />

sociais e modelam seu entendimento cognitivo da realidade, funcionando a informação<br />

como um elo entre a cultura e o indivíduo. Assim, as informações não só produzem, como<br />

também são produzidas pelos sentimentos de segurança/insegurança vividos<br />

coletivamente, sob influencia do habitus.<br />

Um outro foco do estudo é o da “interação informacional”, ou seja, as trocas de<br />

informação e os diálogos, nos quais se alternam perguntas e respostas que constituem,<br />

segundo Le Coadic (1996), a base da dinâmica dos fenômenos de uso da informação. Esse<br />

autor discute essa questão da interação informacional no contexto do estudo dos usos e<br />

usuários da informação, tomando-a como um indicador ou uma expressão de necessidades<br />

informacionais, mas diz que nos enfoques tradicionais ela não é estudada em si mesma,<br />

pois os pesquisadores tendem a voltar-se para os acervos, à procura de possíveis respostas<br />

para os problemas apresentados, enfatizando a bibliografia e a documentação disponíveis.<br />

Trabalha-se implicitamente, segundo Le Coadic (1996), com a hipótese de que para cada<br />

questão existe uma única resposta correta e apropriada.<br />

Entende-se, portanto, por práticas informacionais não só a produção e disseminação<br />

de documentos, peças e objetos de valor informativo, mas também as “interações<br />

informacionais” que, nessa perspectiva, mantêm relação estreita com aquilo que tem sido<br />

chamado de aprendizagem social, com a educação para a participação social e o exercício<br />

da cidadania, e podem redundar num aumento de capital social (confiança e<br />

reconhecimento) para determinados grupos ou comunidades locais.<br />

Trata-se também de uma conversão do pensamento e do olhar, como proposto por<br />

Bourdieu (2002), ao dizer da importância nas CHS de se colocarem em jogo conceitos e<br />

noções teóricas importantes, através da construção de objetos, aparentemente irrisórios,<br />

apreendidos por novos ângulos.<br />

O cume da arte, em ciências sociais, está sem dúvida em ser-se capaz de<br />

pôr em jogo coisas teóricas muito importantes a respeito de objetos ditos<br />

empíricos muito precisos, freqüentemente menores na aparência, e até<br />

mesmo um pouco irrisórios. (...) O que conta, na realidade, é a construção<br />

do objeto, e a eficácia de um modo de pensar nunca se manifesta tão bem<br />

como na sua capacidade de construir objetos socialmente insignificantes<br />

em objetos científicos ou, o que é o mesmo, na sua capacidade de<br />

reconstruir cientificamente os grandes objetos socialmente importantes,<br />

aprendendo-os de um ângulo imprevisto (p.20).

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