INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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3.2.7 Resistências às IEG na corporação<br />
No contexto das mudanças organizacionais envolvendo novas formas de pensar a<br />
segurança pública, existem também, na tropa de maneira geral, resistências que se manifestam<br />
numa atitude que tende a ignorar, negar ou menosprezar as IEG e, de certa forma, fazer<br />
restrições aos relatórios que contêm as estatísticas e os mapas da criminalidade, como um<br />
meio de orientar e avaliar o serviço e as ações policiais. Todos os entrevistados mencionaram<br />
ou admitiram que novas maneiras de gerenciar o trabalho e as ações policiais, baseadas no<br />
SIEG, suscitam resistências e, portanto, chocam-se com uma cultura policial tradicional.<br />
Embora alguns entrevistados tenham se referido a uma autonomia das unidades para<br />
utilizar a informação como bem entenderem, talvez seja mais realista falar de uma certa<br />
desorganização ou de uma excessiva informalidade que, na realidade, pode indicar<br />
negligência, desvalorização ou mesmo temor a mudanças que possam ser desencadeadas pelo<br />
uso sistematizado e regular desse recurso. Viu-se, assim, que o uso das IEG nos Consep,<br />
provavelmente, depende muito mais de questões como o estilo gerencial adotado pelo<br />
comandante de cada companhia, pela sua capacitação tecnológica e de seu grupo, pela<br />
maneira como encara os objetivos da polícia e dos Consep, pela mobilização e organização da<br />
comunidade, pelo volume e natureza dos problemas e pelas atitudes da tropa, do que de uma<br />
orientação formal do comando-geral.<br />
Mas, também nessa questão, não há homogeneidade na opinião dos entrevistados. Se,<br />
por um lado, o ex-comandante-geral mostrou-se inclinado a enfocar os benefícios trazidos<br />
pelo SIEG, por outro, o atual enfocou, em palestra proferida na abertura do 2 o Encontro de<br />
Comandantes de Consep da 7 a RM, um (possível) lado perverso, ao avaliar que o<br />
“geoprocessamento” foi usado para substituir recursos humanos, ou seja, para reduzir custos e<br />
investimentos com contratação de novos policiais. Isso teria acontecido de modo indireto,<br />
evitando a substituição dos que se desligaram da corporação pelos mais diferentes motivos ao<br />
longo do tempo, e, de modo direto, evitando atender à necessidade de aumento do efetivo em<br />
face do aumento da criminalidade. Ele observa que, desde a implantação do SIEG, o<br />
contingente da PMMG só tem diminuído.<br />
Disse também que “não precisamos de muito conhecimento, de muita pós-graduação,<br />
mas de entusiasmo e boa vontade” para combater o aumento da criminalidade e esclarece que