14.10.2014 Views

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

148<br />

relação de conhecimento ou de construção cognitiva: o habitus contribui<br />

para construir o campo como mundo significante, dotado de sentido e de<br />

valor, no qual vale a pena investir energia (...). A realidade social existe,<br />

por assim dizer, duas vezes, nas coisas e nos cérebros, nos campos e nos<br />

habitus, no exterior e no interior dos agentes (BOURDIEU;<br />

WACQUANT, 1992).<br />

Além disso, a partir dessa relação do habitus com o campo, pode-se elucidar por<br />

que, quase sempre, as coisas afiguram-se para os indivíduos como absolutamente<br />

coerentes, harmoniosas ou naturais:<br />

quando o habitus entra em relação com o mundo social do qual ele é o<br />

produto, sente-se como um peixe dentro d’água e o mundo lhe parece<br />

natural (...); é porque ele produziu as categorias que eu lhe aplico, que ele<br />

me parece natural, evidentemente (BOURDIEU; WACQUANT, 1992).<br />

Assim, os indivíduos apenas mobilizam o habitus que os modelou, o que lhes dá a<br />

sensação de escolha nas práticas e representações, pois opera-se uma combinação ou ajuste<br />

entre chances objetivas e motivações subjetivas. Fala-se, então, numa relação dialética que<br />

é operada pelo habitus e está sempre em funcionamento no mundo social, entre as<br />

esperanças subjetivas e as chances objetivas. Dá-se uma exteriorização da interiorização.<br />

Deve-se dizer que o habitus é sensível à mudança social tanto quando há um<br />

descompasso ou um desajuste entre as condições sociais objetivas de sua formação e outras<br />

condições produzidas pela mudança social e, nesse caso, sua própria inércia o impede de se<br />

modificar em face das novas condições vigentes, quanto em função da trajetória social<br />

percorrida pelo agente. O habitus, segundo Bourdieu e Wacquant (1992), “como produto<br />

da história, é um sistema de disposição aberto, que está incessantemente diante de<br />

experiências novas e, logo, incessantemente afetado por elas. É duradouro, mas não<br />

imutável” (p.108-109).<br />

4.5 Combinando as contribuições para estudar as práticas informacionais sobre<br />

segurança pública num Consep<br />

O que faz da informação um fenômeno cultural é que ela só pode ser compreendida<br />

dentro de um contexto: a cultura. Isso significa dizer que a informação é construída a partir<br />

de relações e práticas sociohistóricas, podendo ser tomada como um modo de relação dos<br />

agentes com a realidade, como um artefato cultural.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!