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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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1.9 Janelas quebradas<br />

Em busca de alternativas para o trabalho policial, pesquisadores dos EUA<br />

desenvolveram uma série de experimentos e identificaram práticas que podem ser<br />

consideradas precursoras daquilo que tem sido chamado de policiamento comunitário. Entre<br />

essas experiências, que enfrentaram forte resistência no interior da organização policial, vários<br />

programas, como o team policing, as “unidades de relações comunitárias”, o officer friendly e<br />

outros, buscaram, essencialmente, a participação da população no controle da criminalidade.<br />

Segundo Souza (1999), os chamados “programas de prevenção de crimes” consistiam “numa<br />

série de experimentos de campo, alguns iniciados pela própria comunidade, outros em parceria<br />

com a polícia” (p.55). Esses programas distinguiam-se na medida em que foram “desenhados,<br />

executados e avaliados fora dos departamentos de polícia” (p.55).<br />

As experiências de policiamento a pé permitiram entender que os níveis de<br />

insegurança, ou o medo do crime, não se correlacionavam com as taxas de criminalidade, pois<br />

essa modalidade de trabalho policial, embora não tenha reduzido as ocorrências, melhorou a<br />

sensação de segurança das pessoas. Os policiais passaram a interessar-se pelas causas do medo<br />

do crime, e foi nesse contexto que James Wilson desenvolveu uma importante teoria que ficou<br />

conhecida como broken windows (teoria das janelas quebradas), que teve grande influência no<br />

desenvolvimento posterior do conceito de policiamento comunitário.<br />

Tradicionalmente o “medo de um ataque violento e inesperado por parte de um<br />

estranho” é considerado como a principal causa de insegurança para a população, mas, como<br />

nos experimentos de policiamento a pé as pessoas se sentiram mais tranqüilas, apesar de as<br />

taxas de ocorrência de crimes terem se mantido fixas, observou-se que o maior temor estava<br />

ligado à desordem pública. De fato, esses problemas, que não são muito bem definidos na lei,<br />

e são motivo de inúmeros chamados à polícia, tendem a enfraquecer os mecanismos informais<br />

de controle social. Com a presença do policial a pé, a população sentia-se mais tranqüila e<br />

confiante em relação aos locais onde o policiamento era motorizado, e, até mesmo, os policiais<br />

se sentiam mais prestigiados, motivados e satisfeitos com o seu trabalho.<br />

Observou-se que a presença de estranhos e de pessoas com comportamentos<br />

considerados inadequados era sentida, em diversas situações, como uma ameaça, pois trazia o<br />

risco de quebra de mecanismos de controle informal da comunidade, estabelecidos pelos

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