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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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com a PM a responsabilidade pela repartição de recursos sempre escassos? Mais a frente, na<br />

mesma entrevista, há uma fala que justifica, ainda mais, a questão levantada.<br />

Então, a idéia do geoprocessamento é essa, de mostrar para ele: olha, essa é a<br />

situação de criminalidade na minha sub área, a sub área da minha<br />

companhia. Aqui são os meus recursos, que são finitos. O que é que nós<br />

vamos priorizar? Dá para atender a tudo? Dá para colocar policiamento na<br />

porta de padaria, na porta de drogaria, na porta do supermercado, na porta de<br />

açougue, na porta de banco, na porta de escola, de garagem de ônibus? Não<br />

dá. Então o nosso problema está aqui e o meu efetivo está aqui. Como é que<br />

nós vamos alocar o recurso? Essa que é a idéia básica. Funciona é assim.<br />

Então é um instrumento fundamental. É uma ferramenta que viabiliza a<br />

democratização da informação de segurança pública e cumpre aquele<br />

objetivo da comunidade realmente estar influenciando na alocação do<br />

recurso da PM. Para depois não falar: está privilegiando fulano de tal, está<br />

privilegiando o outro, é amigo do proprietário da empresa tal que é rico.<br />

Então corta isso. Porque opa! Olha o Consep aqui. Nós reunimos e<br />

decidimos que a nossa prioridade aqui não é homicídio, a prioridade aqui é<br />

arrombamento a residência. Então, estamos trabalhando nesse foco,<br />

discutido com a comunidade. E para ela discutir, para ela participar ela tem<br />

que conhecer essas informações. Se o comandante de companhia é malintencionado<br />

e não passa, então a visão dele é enviesada, ele não tem a visão<br />

da realidade, mas a orientação nossa é nesse sentido (EFE2).<br />

Já o EFE3 define de uma outra forma, e com bastante segurança, o que são os Consep:<br />

São ONGs, num primeiro momento idealizadas ou fomentadas pela PM e é<br />

um espaço democrático onde os líderes comunitários e principalmente<br />

aquelas pessoas que estão querendo contribuir com a melhoria da segurança<br />

pública participam ativamente, junto com a PM e outros órgãos do sistema<br />

de defesa social, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do cidadão<br />

daquele bairro onde ele reside (EFE3).<br />

As diferentes maneiras de ver e definir os Consep são importantes na medida em que<br />

vão influenciar o processo de construção das informações durante as reuniões. São<br />

possibilidades diversas de construção da realidade que, provavelmente, se encontram em<br />

situação de concorrência e que são expressas nas falas, muitas vezes confusas e contraditórias,<br />

dos oficiais. Se os Consep foram, por um lado, criados para dividir com a comunidade o peso<br />

das dificuldades e carências, por outro, na medida em que são colocados em funcionamento,<br />

vão assumindo outras perspectivas, tanto pela população quanto pelos próprios policiais<br />

participantes. Essa interpretação corrobora o ponto de vista de que o Consep, embora tenha<br />

nascido como estratégia desenvolvida pelo Estado através da polícia, vem sendo,<br />

progressivamente, apropriado pela comunidade, não sem muitas dificuldades, como meio de<br />

participação na gestão da segurança pública.

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