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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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a efetiva participação no jogo. Para estar em um campo é necessário conhecer e dominar as<br />

regras do jogo e conhecer as estratégias para conquistar posições.<br />

Dentro de cada campo a classe dominante não é constituída por um bloco único e<br />

homogêneo, havendo, inclusive, dominados entre os dominantes, ou seja, uma divisão no<br />

exercício da própria dominação. Embora não sejam espaços com fronteiras claramente<br />

delimitadas, têm, vale lembrar, cada um, uma história e um móvel de disputa que lhes é<br />

específico e que acaba lhes conferindo certa autonomia relativa em relação a outros<br />

campos. No entanto, os campos articulam-se entre si e mantêm uma homologia com o<br />

espaço social, de maneira que a posição do agente social num campo depende, em boa<br />

medida, de sua posição nesse espaço social mais amplo.<br />

Trata-se, portanto, de configurações ou redes de relações objetivas entre posições,<br />

definidas pela situação, atual e potencial, na estrutura de distribuição de diferentes espécies<br />

de poder ou capital, cuja posse determina o acesso a lucros específicos que estão em jogo<br />

naquele campo determinado.<br />

Nas sociedades altamente diferenciadas, o cosmos social é constituído do<br />

conjunto desses microcosmos sociais relativamente autônomos, espaços<br />

de relações objetivas que são o lugar de uma lógica e de uma necessidade<br />

especificas e irredutíveis às que regem outros campos (BOURDIEU;<br />

WACQUANT, 1992).<br />

A estrutura de um campo representa a relação de forças existente entre os agentes,<br />

num determinado momento histórico. Pode-se dizer, ainda, que entre os campos existe uma<br />

interpenetração, pois a lógica de funcionamento de um pode permear ou mesmo sobreporse<br />

à do outro, como, por exemplo, no caso do campo artístico, que vem se tornando cada<br />

vez mais mercantilizado e, portanto, perpassado por uma lógica econômica.<br />

Bourdieu (2002) explica que a noção de campo social pode ser comparada a uma<br />

“estenografia conceitual” de um modo de construção do objeto. Sua utilidade principal<br />

consiste em orientar escolhas e guiar caminhos na prática da pesquisa, funcionando como<br />

um sinal para lembrar que, em ciências sociais, o objeto de estudo não está isolado de um<br />

conjunto de relações, das quais, por comparação e contraste, pode-se retirar o essencial de<br />

suas propriedades. Refere-se, portanto, a um modo relacional de pensar o mundo social e<br />

evita a tendência primária, ou a armadilha da tradição dominante, de pensá-lo<br />

realisticamente. Bourdieu (2002) diz, portanto, que “o real é relacional” (p.28) e adverte:<br />

“se é verdade que o real é relacional, pode ser que eu nada saiba de uma instituição acerca<br />

da qual eu julgo saber tudo, porque ela nada é fora das suas relações com o todo” (p.31).

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