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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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É nesse contexto que surge, por exemplo, a “análise de domínio”, propondo a idéia de<br />

que diferentes objetos são informativos em relação à divisão social do trabalho, ou seja, tendo<br />

em vista diferentes domínios do conhecimento relativamente independentes (ou comunidades<br />

de interpretação). Nessa perspectiva, a informação é um conceito subjetivo, mas não no<br />

sentido unicamente individual do termo, pois inclui os processos socioculturais que integram<br />

os critérios de seleção daquilo que é ou não é informativo. Em termos da RI, as noções de<br />

“seleção” e “relevância” se tornarão muito próximas do conceito hermenêutico de “précompreensão”<br />

(vorverständnis).<br />

A argumentação e a problematização epistemológica de Capurro (2003) fornecem,<br />

ainda, um conjunto de indicações para melhor entender os fenômenos informacionais numa<br />

perspectiva filosófica. Capurro e Hjorland (2003) observam que os usos que se fazem<br />

modernamente do termo informação encontram-se num período inconcluso, de transição, do<br />

sentido clássico de “moldar a substância”, “dar forma” e, portanto, “representar”, para um<br />

sentido mais próximo à idéia de “interpretação”, ou seja, um entendimento da informação<br />

como produto de uma atitude interpretativa sobre o mundo, onde o papel do sujeito<br />

sociohistórico é decisivo na produção de sentidos.<br />

Capurro e Hjorland (2003) consideram que “diferentes conceitos de informação dentro<br />

da CI refletem tensões entre uma abordagem subjetiva e [outra] objetiva” (p.345) e que o<br />

conceito de interpretação (ou seleção) seria uma ponte entre esses dois pólos. Isso significa<br />

que a abordagem objetiva, ao considerar a informação apenas como coisa ou como um objeto<br />

fora do sujeito, assenta-se na suposição de que uma noção de sentido não é importante na CI e,<br />

por isso, dispensa o sujeito e a subjetividade como integrantes do fenômeno informacional.<br />

Ficam esquecidos os mecanismos subjetivos que respondem pela seleção, discriminação ou<br />

interpretação da informação. Não se pergunta, assim, sobre os mecanismos de processamento<br />

ou liberação da informação, ou seja, os selecionadores ou intérpretes.<br />

A informação, portanto, deve ser considerada como um fenômeno estudado em<br />

diferentes disciplinas, segundo diferentes conceitos, que assume formas variadas e que é<br />

processado (interpretado) de diversas maneiras: a biologia, por exemplo, estuda a informação<br />

processada pelos mais variados organismos vivos; a genética, como mecanismo de<br />

transmissão de características hereditárias; a computação, como fenômeno eletro-eletrônico; a<br />

comunicação como fenômeno noticioso, etc. Nos seres humanos a informação demanda uma

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