INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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podem ser contabilizadas fora dos locais onde acontecem, o que falsearia os dados espaciais;<br />
(b) muitas ocorrências, em razão do medo de represálias e por outros motivos, não são<br />
denunciadas, sobretudo em regiões mais problemáticas (no caso, parte alta do Bairro Ouro<br />
Preto), o que aumenta as chamadas “cifras negras”, provavelmente, mascarando os<br />
problemas; (c) não se considera a população flutuante de uma região como a Pampulha, que<br />
possui um estádio de futebol com capacidade para 75.000 pessoas e recebe grande afluxo nos<br />
dias de jogos e outros eventos, que constituem em ocasiões bastante propícias à ocorrência de<br />
vários episódios de violência, demandando ações especiais da parte da polícia.<br />
O comandante da companhia, embora não rejeite as IEG, manifesta, freqüentemente,<br />
considerável desconforto com esse instrumento como forma de avaliação de seu trabalho.<br />
Nesse sentido, a implantação desse sistema pode estar sendo realizada sem maiores<br />
discussões, “de cima para baixo”, de tal forma que ele não entenda por que o comando<br />
considera esse instrumento justo e eficiente. Ou seja, pode estar havendo desinformação<br />
sobre a informação que, como fenômeno interpretativo, não pode operar, por si mesma,<br />
mudanças sem ser bem compreendida. Pode-se falar numa falha de gerenciamento da<br />
mudança informacional.<br />
Foi o que aconteceu nessa reunião: as discussões se limitaram a concluir que os dados eram<br />
“bons”. A análise feita foi marcada pela lógica do comandante da CPM que, como se viu, se<br />
sente injustamente cobrado e avaliado por seu comando com base nesse recurso “científico”.<br />
Assim, pode-se dizer que, no processo de análise das IEG, confundem-se as perspectivas do<br />
Consep (comunidade) com as da própria PM, o que dificulta a instauração de discussões e<br />
impede o aparecimento de eventuais diferenças que, se discutidas, poderiam contribuir para a<br />
construção de novos conhecimentos. Além disso, considerada como um dado acabado e não<br />
como dado a ser interpretado, a informação não pode mediar os conflitos entre as diversas<br />
visões apresentadas.<br />
De certa forma, os participantes sentiram-se satisfeitos com os resultados e concluíram que<br />
estavam melhorando. A satisfação com uma pequena queda nos índices de criminalidade<br />
pode ser explicada por um certo alívio sentido, sobretudo pela PM, em face da forte cobrança<br />
social que vem sendo dirigida aos policiais militares, sobretudo através da mídia, por<br />
resultados e que se reflete na cobrança do próprio comando-geral. O “discurso criminológico<br />
hegemônico” tende a superestimar as possibilidades da polícia e, sobretudo, da repressão