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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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O conjunto das críticas apresentadas permite afirmar, de acordo com Souza (1999), que<br />

prevalece um determinado modelo de organização policial, uma determinada cultura de<br />

trabalho na polícia que acaba por reforçar, em primeiro lugar, “o caráter ideológico da<br />

estratégia reativa de prender criminosos como a mais importante função da polícia” e, em<br />

segundo lugar, “o mito do distanciamento entre polícia e sociedade como fundamental para<br />

assegurar o status do profissionalismo policial”. A principal implicação disso no plano da<br />

informação e do conhecimento é que os policiais ignoram a natureza das situações que são<br />

chamados a atender. Além disso, é importante reafirmar que tendem a desconhecer o que, de<br />

fato, amedronta ou causa temor à comunidade e incomoda a população.<br />

Nesse sentido, policiais não só desenvolvem uma visão estreita do crime, não<br />

considerando sua base contextual e a rede de problemas subjacentes que o<br />

implicam, como também se mantêm pouco informados sobre o que realmente<br />

afeta as pessoas, provocando sentimentos de medo e insegurança (SOUZA,<br />

1999, p.51-52).<br />

É importante sublinhar, para as finalidades desta pesquisa, que o policiamento<br />

comunitário representa uma busca de aproximação da PM com a sociedade civil, sobretudo em<br />

relação às suas camadas mais pobres e marginalizadas, que tendem ser as menos ouvidas. Essa<br />

aproximação representa, em princípio, uma tentativa de dialogar e relaciona-se, portanto, com<br />

uma troca de informações e, conseqüentemente, com a construção de novas informações e<br />

conhecimentos e novas formas de fazer policiamento que permitam o controle mais eficaz da<br />

criminalidade e a manutenção da ordem pública. Seria, portanto, uma tentativa de articular a<br />

justiça formal com a justiça substantiva através do diálogo, da comunicação e da troca de<br />

informações, que se constituiriam, nessa perspectiva, como competências essenciais no<br />

trabalho do policial.<br />

A polícia comunitária é primeiro uma tentativa para relegitimar a polícia (...).<br />

Por esse motivo, antes de se declinar em estratégias e táticas operacionais, a<br />

policia comunitária é primeiro a vontade de renovar a relação entre a polícia<br />

e população fazendo das expectativas, demandas e necessidades expressas<br />

por ela, localmente, no quarteirão, bloqueio ou bairro, o princípio de<br />

hierarquização das prioridades policiais (MONJARDET, 2003, p.260).

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