INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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da informação, esse sujeito pode estabelecer novas relações, fazer descobertas, conferir outros<br />
significados, produzir informações alternativas e, ainda, aprofundar seu entendimento das<br />
coisas a partir da informação original. De maneira geral, esse processo (interpretativo) se dá a<br />
partir, ou no contexto, das experiências concretas desse sujeito com a realidade, de seus<br />
problemas e das formas que vê de solucioná-los e, ainda, de suas esperanças e crenças.<br />
Valorizar o usuário é valorizar a recepção, que é sempre um lugar de apropriação,<br />
invenção e produção de sentidos. Isso implica olhar outras modalidades de conhecimento, e<br />
não apenas o conhecimento douto, próprio dos letrados, mas também os conhecimentos<br />
práticos, próprios das comunidades e grupos populares (o saber local). Quando apreendida<br />
pelo sujeito, a informação não conserva o mesmo sentido que lhe foi atribuído pelo emissor,<br />
havendo nesse processo uma liberdade que transforma e enriquece aquilo que o emissor<br />
pretendeu, muito embora essa liberdade não seja, jamais, absoluta. Ela é cercada por<br />
limitações derivadas das capacidades, das convenções e dos hábitos que caracterizam a<br />
recepção ao longo da história.<br />
Assim, o sujeito da informação, limitado pelas condições sociais nas quais se insere,<br />
pode também, e ao mesmo tempo, construir conhecimentos novos. Claro que não pode<br />
prescindir das referências sociohistóricas da tradição, uma vez que são necessárias à<br />
elaboração do sentido da informação recebida, um sentido que só se produz a partir da cultura.<br />
Apropriar e produzir informações são, portanto, modos que o sujeito encontra e de que dispõe<br />
para organizar sua experiência do mundo vivido. Essa experiência, que é condicionada pela<br />
história e pelo ambiente sociocultural, pode também ser, dialeticamente, uma experiência<br />
única, pois o sujeito lhe confere certa especificidade e unicidade. O indivíduo torna-se, então,<br />
um sujeito histórico.<br />
Daí vem a importância que deve ser dada à subjetividade ou, dizendo de uma outra<br />
forma, à informação como “comunicação de experiências”. Daí a importância e a necessidade<br />
de serem criadas formas de organização que propiciem condições para compartilhamento de<br />
informações e troca de conhecimentos, tal como tem ocorrido nos movimentos sociais, nas<br />
ONG e em outras formas de organização comunitária surgidas na sociedade contemporânea.<br />
Trata-se de locais potencialmente adequados ao exercício do senso crítico e reflexivo,<br />
ou seja, à re-contextualização de situações e problemas, de forma a possibilitar algum tipo de<br />
ação sobre eles, sobretudo através de políticas públicas. Estudos dos movimentos sociais têm