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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Bourdieu (2002) considera que a construção do objeto de pesquisa é a operação<br />

mais importante – e também a mais ignorada – da investigação social. Com a articulação<br />

de questões teóricas e metodológicas por ele desenvolvidas pode-se chegar àquilo que é a<br />

finalidade deste capítulo: compor um objeto de estudo informacional. Acredita-se que com<br />

a articulação dessas três perspectivas – hermenêutica-dialética, olhar etnográfico e campo<br />

social – possa-se chegar a uma “objetivação participante” da realidade social estudada.<br />

4.1 Pesquisa qualitativa<br />

O “caráter interpretativo da experiência humana”, ao qual se refere a<br />

fenomenologia, constitui um importante referencial, tanto teórico quanto metodológico<br />

para esta pesquisa. Teórico porque o objeto da CI, concebido como uma construção social<br />

que vai além do autor/produtor, insere-se num contexto sociopolítico, no qual a figura do<br />

usuário ganha relevo, porque se torna um sujeito da informação. Portanto, o uso da<br />

informação tem, sempre, um caráter interpretativo. Considera-se que é realizado por um<br />

sujeito do conhecimento prático que a confronta com a sua realidade, junto com seus pares,<br />

num processo histórico. Metodológico porque vai abordar o assunto de uma perspectiva<br />

qualitativa, tentando entender “como” os fenômenos ocorrem, sem maiores preocupações<br />

com as relações bem definidas de causa e efeito ou leis, por exemplo e, além disso, vai<br />

levar em conta que tampouco o pesquisador é passivo, possuindo uma identidade com o<br />

seu objeto, na medida em que também o interpreta.<br />

Como a ênfase vai recair na identificação e descrição de processos interpretativos<br />

de uma comunidade de usuários-receptores da informação, então a metodologia mais<br />

adequada é a qualitativa. Para Minayo (1992), o objeto das CHS é essencialmente<br />

qualitativo, o que significa dizer que é complexo, contraditório, inacabado e está em<br />

permanente transformação. Entende-se, nessa perspectiva, que a realidade social, que só<br />

pode ser apreendida por aproximação, é mais rica do que qualquer teoria que se tente<br />

elaborar sobre ela. Nesse caso, o pesquisador não pode pretender esgotar um tema, mas<br />

avizinhar-se de situações através de uma descrição atenta e cuidadosa.<br />

Para Goldenberg (1998), muitos dos problemas teórico-metodológicos da pesquisa<br />

decorrem do hábito de tomar como referência para as CHS o modelo positivista das<br />

ciências físicas e naturais e, assim, desconsiderar a especificidade dos seus objetos de

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