INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
60<br />
A facilidade de acesso à informação está suplantando a memória. Hoje em<br />
dia os esforços são redobrados na tentativa de livrar o homem do esforço de<br />
lembrar. O que importa não é mais conhecer, mas sim ter os meios e<br />
instrumentos rápidos para acessar o conhecimento. Os bancos de dados se<br />
transformaram em gigantescos supermercados com produtos tão<br />
especializados que servem apenas aos grandes conhecedores, mas como esses<br />
são uma ínfima parte da população, o que esses “supermercados<br />
cibernéticos” vendem são mais as fórmulas prontas de preparo instantâneo e<br />
consumo imediato (p.22).<br />
A importância dessas considerações críticas na discussão teórica realizada neste<br />
capítulo consiste em atentar para as mudanças no conceito de informação ao longo do tempo.<br />
Por isso, é necessário precisar, nos trabalhos desse campo, qual a informação que será<br />
discutida e quais questões serão enfocadas/problematizadas pelos autores.<br />
É evidente, no entanto, que a escolha do foco implica problemas, dilemas e escolhas de<br />
natureza política e ideológica. Ou seja, é preciso politizar, em certa medida, as discussões no<br />
campo da CI. Isso significa também perguntar: informação para quê e para quem? Buscam-se,<br />
mais à frente, algumas respostas para essas perguntas, com base na perspectiva metodológica<br />
da hermenêutica-dialética e na antropologia da informação para abordagem do campo<br />
empírico.<br />
2.3 Le Coadic: necessidade e uso da informação como uma questão cultural<br />
Apesar de dizer que a CI é uma disciplina nomotética, ou seja, em busca do<br />
estabelecimento de leis, pelo que se distingue das disciplinas históricas, jurídicas e filosóficas,<br />
Le Coadic (1996) considera que se trata de uma ciência social nascida da prática da<br />
organização da informação. Observa, então, que, nesse caso, a prática precedeu a teoria e<br />
lamenta o fato de não haver, ainda, um arcabouço teórico que permita interpretar, de forma<br />
racional e científica, as leis e os modelos empíricos.<br />
Em suas ponderações, esse autor mostra-se preocupado em observar os cânones típicos<br />
das ciências físicas e naturais, razão por que valoriza as leis (como as de Bradford, Lotka e<br />
Zipf), sobretudo quando passíveis de representação por meio de fórmulas matemáticas e<br />
apresentam conceitos operacionalizáveis e mensuráveis.