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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Thompson (1995) assinala, entretanto, que esses resíduos não são apenas a base<br />

sobre a qual são assimiladas e projetadas as novas experiências do presente e do futuro,<br />

como foi enfatizado por Gadamer, mas podem também servir para obscurecer os sentidos<br />

dos acontecimentos presentes, visando à continuidade de determinadas situações. Para ele,<br />

esses resíduos simbólicos que integram as tradições podem ser, de acordo com os usos que<br />

deles sejam feitos, objeto de reflexão crítica. Essa perspectiva abre espaço para uma<br />

análise ideológica com um enfoque hermenêutico.<br />

Evidencia-se, portanto, que, em algumas situações, a informação pode servir para<br />

esconder ou mascarar aspectos relevantes do passado e do presente, visando manter a<br />

continuidade de determinadas crenças e situações. Isso quer dizer que a informação tem<br />

forte caráter cultural, ligado à tradição, podendo trazer em si maior ou menor carga<br />

ideológica e instrumental, fato que não deve ser ignorado pelos pesquisadores desse<br />

campo. Cada sociedade produz, em determinado momento histórico, um cenário<br />

informacional, mais ou menos homogênio, que suscita discussões e conflitos – um campo<br />

informacional – a partir das posições dos diversos sujeitos no campo social.<br />

Portanto, a metodologia de pesquisa em CHS deve ser entendida como a articulação<br />

de concepções teóricas, técnicas de apreensão e potencial criativo do pesquisador. As<br />

técnicas permitem encaminhar para a prática questões formuladas abstratamente (teóricas),<br />

preservando o pesquisador do empirismo, por um lado, e de divagações abstratas, por<br />

outro. Portanto, a pesquisa é indagação e descoberta, uma combinação de teoria e dados.<br />

4.2.1 Hermenêutica-dialética: método e filosofia<br />

É dentro desse escopo e dessa visão de CHS que Minayo (2002), reunindo as<br />

contribuições de Gadamer, Marx e Habermas, entre outros, busca com a hermenêuticadialética<br />

fundamentar um método específico para as CHS, considerando que a natureza de<br />

seu objeto é histórica e essencialmente qualitativa. Com isso, quer dizer que os problemas<br />

humanos e sociais são condicionados pelas questões e problemas característicos de seu<br />

tempo, ou seja, pelos limites do desenvolvimento social de sua época, e que os atores<br />

sociais, de modo geral, e os pesquisadores, em particular, são, dialeticamente, frutos e<br />

autores de seu tempo histórico. Há, portanto, uma identidade entre sujeito e objeto da<br />

investigação.

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