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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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descontextualizada e despolitizada das questões, que só faz desmobilizar, ainda mais, uma<br />

sociedade isolada, amedrontada e perplexa diante da violência.<br />

Ao inibir os indivíduos e a comunicação, a lei do silêncio, pelo medo, contribui<br />

para diminuir e esvaziar o processo informacional, dificultando ainda mais o trabalho da<br />

polícia e a construção de sentidos coletivos que possam animar a busca de alternativas para<br />

lidar com a violência e a criminalidade. Fica diminuída a possibilidade de trocar<br />

experiências e, portanto, de produção de conhecimentos que possam ajudar na solução<br />

racional e inteligente dos problemas. Assim, os expedientes violentos, discriminatórios,<br />

excludentes e, sobretudo, injustos, serão lembrados, entre os quais pode-se citar a pena de<br />

morte, a diminuição da idade penal e a lei de crimes hediondos, que pouco podem<br />

contribuir para a solução dos problemas.<br />

Algumas comunidades, abandonadas pelo Estado, que podem ser consideradas<br />

como “isolados da informação” são, portanto, alvo de grupos minoritários armados que<br />

não querem cumprir a lei. Sem escolas, hospitais ou postos de saúde, transporte, delegacias<br />

e sem polícia, tornam-se ainda mais sujeitas às conseqüências da desestruturação social.<br />

Em ambientes como estes, programas de controle de homicídios como o “Fica Vivo”,<br />

desenvolvidos pela SEDS, em conjunto com setores da <strong>UFMG</strong>, do comércio, da justiça e<br />

das Policias Militar e Civil, têm atuado para suprir essas carências e conseguido resultados<br />

bastante animadores, fazendo baixar consideravelmente as taxas de homicídio em Belo<br />

Horizonte (BEATO FILHO: 2003).<br />

É nesse contexto de luta por cidadania que o Consep pode fazer sentido, e não como<br />

um braço civil auxiliar do policiamento tradicional. Quando se propõem a re-discutir a<br />

questão da violência e da criminalidade com essa instituição ambígua que é a polícia, é<br />

necessário assumir a perspectiva da comunidade como um todo, pois desta forma os<br />

Consep podem percorrer mais facilmente o “vazio informacional”, uma etapa na<br />

construção do “terceiro conhecimento” e supera-lo ou transforma-lo em novos<br />

conhecimentos.<br />

Porém, os Consep tendem a reproduzir e a expressar as enormes dificuldades que a<br />

sociedade encontra para entender a criminalidade numa perspectiva sociohistórica, como<br />

uma construção social. Com a iniciativa de criar os Consep, a polícia, que poderia<br />

associar-se à população inspirada numa lógica da solidariedade e da reciprocidade que está<br />

profundamente enraizada na cultura popular, vem lutando, desinformadamente, contra uma<br />

violência distante, vista de longe como diz Montes (2000).

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