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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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determinada forma de linguagem (complexa, pois implica escolha de sentidos), socialmente<br />

desenvolvida e o uso de diferentes tecnologias.<br />

Assim, Capurro e Hjorland (2003) sugerem que o uso do termo informação em CI deve<br />

levar em conta a cultura, as pessoas e a subjetividade. O que pode ser considerado informativo<br />

“depende das necessidades interpretativas e habilidades do indivíduo”, lembrando que essas<br />

são “freqüentemente compartilhadas com membros de uma comunidade de discussão” (p.350).<br />

Para Capurro (2003), não só as correntes filosóficas que consideram o caráter<br />

fundamentalmente interpretativo do conhecimento, entre elas a hermenêutica, repercutiram na<br />

CI, mas também o desenvolvimento da ciência da computação (CC) e as descobertas da<br />

neurociência. Em conjunto, elas “revolucionaram a idéia clássica de conhecimento, baseada na<br />

idéia de representação, ou seja, de duplicação de uma realidade externa na mente do<br />

observador” (p.4). Essa mudança foi iniciada a partir da “teoria da informação” (Shannon e<br />

Weaver) e da “cibernética” (Wiener), na medida em que estimularam a chamada “cibernética<br />

de segunda ordem” (Foerster, Maturana e Luhmann) que, juntamente com a “semiótica”<br />

(Pierce), influenciaram a discussão epistemológica da CI.<br />

Ao enfocar a necessidade de entender a questão da informação como conhecimento em<br />

ação e como oferta de sentido em determinados contextos sociais, nos quais o papel das<br />

comunidades de interpretação é decisivo, ganham relevo os aspectos humanos e<br />

antropológicos da informação, sua utilização no cotidiano pelas comunidades nas mais<br />

diversas situações, tanto no domínio da ciência e da técnica como no domínio do senso<br />

comum.<br />

Pode-se dizer que, com Capurro e Hjorland, as propostas iniciais de Shera e Egan no<br />

sentido de uma epistemologia ou cognição social vão ganhando corpo. Encontram-se nesses<br />

autores elementos que permitem fazer caminhar a CI como uma ciência social. Assim, têm o<br />

mérito de trazer a análise social para o interior da CI, embora de uma maneira ainda muito<br />

influenciada pelo funcionalismo, sobretudo porque não chegam a aprofundar as questões de<br />

natureza sociohistóricas.<br />

No entanto, esse esforço de reflexão epistemológica é importante, pois busca a rehumanização<br />

do conceito de informação, ao inseri-lo num contexto sociocultural. É também<br />

oportuno, pois acontece num momento de amadurecimento da área, do qual já se falou, em<br />

que crescem os debates e os questionamentos sobre os fundamentos dos chamados paradigmas

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