INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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e que nunca se conclui, pois seu produto é, quase sempre, um recomeço, uma reorganização da<br />
realidade em novas bases que permite uma determinada ação sobre ela, a busca da solução de<br />
problemas e, em conseqüência, a assunção de novos e maiores desafios.<br />
Descobriu-se que produzir informações sobre criminalidade e segurança pública é, na<br />
realidade, encontrar alternativas de ação ligadas à prevenção da violência (defesa social).<br />
Trata-se de abrir espaços num emaranhado de falas, idéias e opiniões que, acumulando-se,<br />
tendiam, muitas vezes, a obscurecer a realidade e a imobilizar as pessoas, tornando-as<br />
descrentes, impotentes e, sobretudo, desarticuladas frente à violência.<br />
Gradativamente, o Consep reuniu um volume cada vez maior de informações acerca da<br />
criminalidade e da segurança pública, que são debatidas, questionadas e apropriadas pelos<br />
diversos conselheiros – policiais e civis –, cada qual com sua perspectiva. Os desencontros<br />
ocasionados pela complexidade do problema, a ausência de clareza sobre o papel dos<br />
conselheiros, a excessiva informalidade e uma concepção de criminalidade desvinculada do<br />
conjunto das relações de poder, constituem fortes barreiras a um entendimento mais<br />
aprofundado e crítico dos problemas trazidos à discussão.<br />
Mesmo enfrentando, além dessas dificuldades internas, a falta de reconhecimento e a<br />
desarticulação dos poderes públicos (federal, estaduais e municipais), o Consep, pela<br />
persistência de seus conselheiros, ainda que desorganizada e precariamente, logra descobrir<br />
algumas alternativas e distinguir alguns caminhos. Num processo exaustivo, caracterizado<br />
inicialmente por um acúmulo de informações desconexas geradoras de ruído, alguns membros<br />
passam, progressivamente, a reconhecer e identificar um núcleo essencial de informações<br />
relevantes. Observa-se que vão se desfazendo de uma “sobrecarga informacional” que, por<br />
seus efeitos – entre os quais um “vazio informacional” –, levou os conselheiros a dissiparemse<br />
num determinado momento. Alguns membros afastaram-se das reuniões, outros chegaram<br />
com um processo em andamento, de forma que o Consep ainda não se consolidou. Além disso,<br />
mesmo aqueles que o vivenciaram mais intensamente podem não ter, ainda, uma clara<br />
consciência acerca da importância daquilo que estão produzindo e podem vir a produzir em<br />
termos informacionais.<br />
Visando traçar a trajetória assumida no processo de análise interpretativa, procurou-se<br />
sintetizar no Quadro 5 os acontecimentos, os conteúdos e as respectivas práticas e processos<br />
informacionais que puderam ser observados.