INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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exatamente num momento de abertura democrática. Conseguiu atribuir ao movimento de<br />
direitos humanos uma conotação negativa, associando-o à idéia de “privilegiar bandidos”, ao<br />
mesmo tempo em que fez crescer o “apoio a formas violentas e privadas de combate e<br />
prevenção ao crime” (p. 162). Na realidade, tem-se aqui um discurso de (falsa) segurança, que<br />
constrói novas formas de discriminação e manutenção de privilégios, como reação à expansão<br />
de direitos coletivos, por parte daqueles que o sentem como desordem.<br />
Embora o objetivo deste item seja destacar questões mais particulares da sociedade<br />
brasileira ou das democracias tardias, deve-se assinalar que os esforços e as práticas de<br />
controle das atividades policiais enfrentaram e enfrentam, em todo o mundo, segundo Bayley<br />
(2001), fortes resistências.<br />
No Brasil, entretanto, o desprestígio das organizações de segurança pública de um<br />
modo geral e, em particular, da PM, devido a sua incapacidade de deter o avanço da<br />
criminalidade violenta nos grandes centros urbanos, vem estimulando reflexões e esforços no<br />
sentido de se desenvolverem novos modelos de atuação e trabalho “capazes de aumentar de<br />
fato a inteligência e a eficiência do aparato de segurança” (LEMGRUBER; MUSUMECI;<br />
CANO, 2003). Tais esforços, todavia, têm se mostrado insuficientes quando não é possível um<br />
maior e mais efetivo controle externo sobre as instituições policiais.<br />
A superação de formas violentas e truculentas de ação policial (tanto preventiva quanto<br />
repressiva) passa pela adoção de práticas mais inteligentes, racionais e, sobretudo, focalizadas<br />
nos eventos mais comuns ou típicos de cada região. Para tanto, a produção, a organização e o<br />
uso de informações estatísticas georreferenciadas (IEG) ou geoarquivos sobre a criminalidade<br />
constituem um recurso importante, mas que, por não falarem por si mesmas, precisam ser<br />
(adequadamente) interpretadas, de forma ensejar ações inovadoras e articuladas tanto da parte<br />
da polícia, quanto de outros órgãos que compõem o sistema de justiça, assim como da<br />
população em geral. Assim, ao lado das estatísticas, um outro tipo de informação também<br />
precisa ser utilizado: aquele produzido no contato com a comunidade organizada, que<br />
participa ativamente das atividades de planejamento, gestão e controle dos serviços policiais,<br />
ou seja, da gestão da segurança pública.<br />
Por um outro lado, como ponderam Lemgruber, Musumeci e Cano (2003), apesar dos<br />
muitos problemas, “torna-se muito importante perceber também as mudanças, por incipientes<br />
municipalizado.