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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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interpretação, por sua vez, como já foi visto, pressupõe um entendimento prévio, ou seja,<br />

uma teoria. Em segundo lugar, o fenômeno social é singular e, portanto, não admite<br />

objetividade, mas objetivação, ou seja, a impossibilidade de objetividade no estudo dos<br />

fenômenos sociais não implica uma impossibilidade de conhecimento, pois a subjetividade<br />

é tomada como parte do processo de investigação. Pode-se dizer, então, que somente uma<br />

subjetividade pode conhecer a outra.<br />

Tais pressupostos indicam que as CHS devem procurar traçar muito mais uma<br />

“pintura” (interpretação) do que um “retrato” (representação) da realidade. Isso significa<br />

que qualquer trabalho científico é uma criação que carrega a marca de seu autor, o que<br />

supõe não só uma recusa de neutralidade, mas, também, a afirmação da necessidade de<br />

buscar formas de reduzir a excessiva incursão de juízos na realidade. Daí a importância do<br />

fortalecimento de metodologias qualitativas de pesquisa para as CHS.<br />

Discorrendo sobre aspectos fundamentais da hermenêutica na pesquisa social,<br />

Thompson (1995) lembra que essa tradição considera que os fenômenos pesquisados são,<br />

em grande parte, “formas simbólicas” que, por sua vez, são “construções significativas”,<br />

cujo estudo impõe um problema de compreensão e interpretação. Entende-se que os<br />

fenômenos sociais, entre eles a informação, possuem significados que precisam ser<br />

compreendidos.<br />

Além disso, para ele, a tradição hermenêutica assinala que o processo de<br />

compreensão é inerente aos seres humanos, razão pela qual o objeto da investigação na<br />

pesquisa sociohistórica “é, ele mesmo, um território pré-interpretativo” (p.358). Assim, os<br />

cientistas sociais, na realidade, re-interpretam, pois sua compreensão se dá sobre as bases<br />

pré-estabelecidas da compreensão cotidiana acerca dos acontecimentos sociais. Trabalhase,<br />

portanto, sobre um “campo-sujeito-objeto” (p.359), cujos constituintes são “capazes de<br />

compreender, de refletir e de agir fundamentados nessa compreensão e reflexão” (p. 359).<br />

Como terceiro aspecto da hermenêutica, ao qual Gadamer dedicou muita atenção,<br />

Thompson (1995) ressalta a historicidade da experiência humana, querendo com isso dizer<br />

que a experiência humana desenrola-se em um contexto histórico carregado de sentidos e é<br />

por ele permeada e que novas experiências são vividas tendo por referência resíduos<br />

daquilo que se passou, ou seja, que as coisas não acontecem num vazio.<br />

Os seres humanos são parte da história, e não apenas observadores ou<br />

expectadores dela; tradições históricas, e a gama complexa de significado<br />

e valores que são passados de geração a geração, são em parte<br />

constitutivos daquilo que os seres humanos são (p.360).

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