INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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superaração de modelos e, sobretudo, de busca de novos espaços e perspectivas de<br />
pesquisa, estas devem, no entanto, se fazer acompanhar de referências teóricometodológicas<br />
consistentes que possam dar sustentação à difícil empreitada.<br />
Lembrando Capurro (2003), que vê na teoria crítica e, particularmente na<br />
hermenêutica, uma referência epistemológica importante para o paradigma social da CI, ao<br />
considerar, que diferentes “comunidades de interpretação” vão desenvolver diferentes<br />
critérios de seleção e relevância para as informações (domínios informacionais), pretendese<br />
aqui explorar as diferenças entre essas duas formas de conceber o conhecimento – como<br />
representação ou interpretação. Partindo da idéia de “interpretação”, que é central na<br />
hermenêutica, serão buscadas algumas contribuições que possam apoiar a construção de<br />
uma maneira de olhar os fenômenos informacionais, ou seja, de um referencial teóricometodológico<br />
para estudar a informação como um fenômeno de natureza sociohistórica.<br />
Em Mora (2001), um dos sentidos do termo representação (do alemão darstellung)<br />
é de “modelo, plano, esquema”, ou seja, imagem, reprodução ou cópia fiel, objetiva e<br />
formal de alguma coisa. As teorias do conhecimento que se baseiam na representação,<br />
onde está implícita a idéia de réplica e duplicação, tomam a mente humana como uma<br />
“tábula rasa” ou um “quadro em branco”, onde se imprimiria a realidade externa. A mente<br />
não interpreta, mas replica.<br />
Já o termo hermenêutica, que vem do grego hermeneuein e significa “interpretar” e<br />
também “anunciar”, é considerado como o mais adequado para caracterizar esse método<br />
das ciências do espírito 24 , desenvolvido, entre outros, por Gadamer, que tem como objetivo<br />
a obtenção de uma compreensão dos fenômenos humanos e sociais. Estabelecendo uma<br />
diferença entre explicar e compreender, a hermenêutica assenta-se na idéia de que,<br />
diferentemente das ciências naturais que buscam uma “explicação causal” para os<br />
fenômenos físicos, submetidos a leis universais e invariáveis, as CHS caracterizam-se<br />
muito mais pela busca de uma “verdade histórica”, sempre aberta e mutável, exigindo,<br />
portanto, a adoção de um método mais apropriado de abordagem ao agir e ao pensar<br />
humanos.<br />
De acordo com Capurro (2003), outras escolas filosóficas do século XX, como o<br />
racionalismo crítico de Popper, a filosofia analítica e a teoria da ação comunicativa de<br />
Habermas e Apel, criticaram a hermenêutica, sobretudo por essa separação metodológica<br />
24 Procurando manter a hermenêutica mais próxima da filosofia e preservar uma herança humanista que<br />
pudesse distingui-la da ciência moderna, inaugurada com a revolução técnico-científica do século XIX, de