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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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diferenciando-o de um bem cultural (mercadoria), que, por ter sido produzido para utilização<br />

“em contextos diversos daquele de sua geração” (p.21), tanto do ponto de vista espacial quanto<br />

temporal, sempre implicará uma re-contextualização. Isso quer dizer que entre o emissor e o<br />

receptor da informação existe uma transformação contextual que é, antes de tudo, cultural e<br />

histórica. Entende-se que, tanto a produção ou emissão da informação, quanto o seu uso ou<br />

recepção, demandam um processo de elaboração subjetiva (interpretativa) de sentidos que se<br />

dá num contexto social, cultural e histórico.<br />

É nessa perspectiva que podem ser bem entendidas, no contexto da transferência de<br />

informações, afirmações como a de Fernandes (1995), dando conta de que a “informação liga<br />

coisas que, por algum motivo, estão separadas” e também a idéia de “barreira cultural”, como<br />

conseqüência de diferenças e desigualdades socioculturais.<br />

Baseando-se nessas considerações, esta investigação vai definir informação como<br />

“comunicação de experiência”, um fenômeno indissociavelmente ligado à cultura, à educação,<br />

à aprendizagem, ao conhecimento e à comunicação humana, entendidos numa perspectiva<br />

sociohistórica.<br />

Pensadas apenas dessa forma, entretanto, poder-se-ia acreditar que as relações entre<br />

cultura e informação se dariam apenas no sentido da aprendizagem de experiências passadas e<br />

bem consolidadas. Mas, tão importante como essa capacidade de aprender, tida como a mais<br />

importante característica distintiva da singularidade humana, talvez seja a diversidade de<br />

coisas que o homem pode aprender (GEERTZ, 1966), ou seja, suas potencialidades, o ponto<br />

mais importante.<br />

Se o homem cresceu, por assim dizer, no contexto de um ambiente cultural<br />

em desenvolvimento, então esse ambiente deve ser encarado não apenas<br />

como mera extensão extra somática, uma espécie de ampliação artificial de<br />

capacidades inatas já existentes, mas sim como um fator indispensável da<br />

existência dessas próprias capacidades (GEERTZ, 1966, p.41).<br />

As descobertas da paleontologia mostraram que não foi necessário um cérebro pronto e<br />

acabado para que a cultura começasse a existir, pois o desenvolvimento cultural humano já se<br />

processava antes mesmo da conclusão do desenvolvimento orgânico-cerebral, que, ainda hoje,<br />

está se processando. Foi possível deduzir, então, que o homem não é, como já havia sido dito,<br />

somente um produtor de cultura, mas também um produto dela. Isso significa que a cognição

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