INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
169<br />
Dessa forma, procuraram-se meios de dialogar com o grupo mediados pelo próprio<br />
trabalho e cuidou-se para que houvesse um adequado entendimento quanto aos seus objetivos.<br />
O grupo foi informado sobre esses objetivos e o pesquisador procurou manter-se<br />
rigorosamente dentro das propostas. Além disso, o pesquisador procurou abster-se de efetuar<br />
julgamentos de valor e de fazer prescrições, pois sua principal meta era compreender as<br />
situações e, tanto quanto possível, explicá-las com base nas teorias que embasam a pesquisa.<br />
O outro princípio observado refere-se a métodos de seleção e coleta de dados. Buscouse,<br />
para estudar a “informação em movimento”, aquilo que Malinowski (1980) considera o<br />
material da pesquisa participante: os “imponderáveis da vida real” ou fenômenos que só<br />
podem ser captados pela presença atenta do pesquisador. Nas palavras do próprio etnógrafo:<br />
“há uma série de fenômenos de grande importância que não podem ser registrados através de<br />
perguntas, ou em documentos quantitativos, mas devem ser observados em sua realidade”<br />
(p.55). Tratou-se, portanto, de fazer anotações minuciosas num diário de campo, listando<br />
declarações etnográficas, colhendo narrativas de informantes, expressões típicas, fórmulas,<br />
histórias e casos que pudessem expressar a mentalidade do grupo.<br />
Minayo (1992), baseando-se em distinção elaborada por Gold, distingue quatro<br />
situações em termos observação participante, que denomina: a participação-total (imersão<br />
total), o participante-como-observador, o observador-como-participante e o observador-total.<br />
A partir dessa categorização pode-se dizer que, nesta pesquisa, tem-se uma situação que pode<br />
ser caracterizada como “participante-como-observador”, ou seja:<br />
... o pesquisador deixa claro para si e para o grupo sua relação como<br />
meramente de campo. A participação, no entanto, tende a ser a mais profunda<br />
possível através da observação informal, da vivência juntos de<br />
acontecimentos julgados importantes pelos entrevistados e no<br />
acompanhamento das rotinas cotidianas. A consciência, dos dois lados, de<br />
uma relação temporária (enquanto dura o trabalho de campo) ajuda a<br />
minimizar os problemas de envolvimento que inevitavelmente acontecem,<br />
colocando sempre em questão a suposta ‘objetividade’ nas relações<br />
(MINAYO, 1992, p.142).<br />
Mintz (1984) observa que a pesquisa de cunho etnográfico deve voltar-se para um<br />
“objetivo relacional” (p.49), considerando que os fenômenos estudados não existem fora das<br />
relações sociais. Com isso, questiona a crença positivista-naturalista numa realidade exterior