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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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empírico, onde os receptores/usuários realizavam suas próprias leituras sobre os conteúdos e<br />

as formas de gerenciamento das informações.<br />

Com o termo “excedente informacional”, a antropologia da informação refere-se à<br />

incompletude e à insuficiência da informação, ou seja, ao fato de que ela nunca preenche o<br />

desejo de conhecimento e de entendimento da realidade. A cada nova descoberta, a cada nova<br />

informação, novos problemas e questões de ordem prática se colocam, num processo que<br />

altera as prioridades e instaura mudanças no foco de atenção. São informações adquiridas<br />

dentro dos campos sociais formais, mas por processos informais (conversas informais, por<br />

exemplo), que têm utilidade para lidar com as situações imprevistas do cotidiano<br />

(MARTELETO, 1995, p. 20). Com o termo “reserva simbólica”, quer referir-se ao fato de que,<br />

mesmo sendo informado de acordo com uma determinada perspectiva, pois são muitas as<br />

maneiras de ver uma questão, o sujeito nunca absorve plenamente a informação recebida. Ele,<br />

como receptor ativo, a re-elabora à sua própria maneira e de acordo com sua própria história.<br />

Nessa perspectiva, o processo de ensino e aprendizagem é sempre uma promessa de<br />

inventividade e de renovação dos conhecimentos.<br />

Também é nessa perspectiva que a antropologia da informação, ao tratar de questões de<br />

organização e uso da informação, vai preferir a noção de “rede” à noção de “sistema” de<br />

informação, tal como tem sido usada nesse campo. Com a metáfora da rede, além de se evitar<br />

a idéia de linearidade, faz-se jus à idéia de que a informação não está dissociada do contexto<br />

em que ela acontece (MARTELETO, 1998; 2000; 2001).<br />

Quando o intuito é ir aos usuários da informação, concebidos como sujeitos, os<br />

enfoques funcionalistas que, como já foi visto, consideram a informação apenas como um<br />

elemento de redução de incertezas, como recurso para tomada de decisões e/ou como elemento<br />

modificador da estrutura cognitiva do receptor, muito pouco têm a dizer sobre esse ponto da<br />

recepção ou sobre o trabalho interpretativo que ali é feito, com e a partir da informação<br />

(MARTELETO, 1987). Daí a relevância da noção de “terceiro conhecimento”, uma maneira<br />

peculiar de ver o uso da informação que dá ao pesquisador uma referência para interpretar as<br />

práticas informacionais que têm lugar no mundo social real.<br />

De certa forma, abandona-se a abordagem linear dos sistemas de informação e aceitase<br />

a complexidade da questão informacional. Busca-se, não simplificar, mas distinguir<br />

fenômenos e questioná-los, na tentativa de descobrir novas possibilidades e ângulos de

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