INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
149<br />
Essa concepção tem a ver com uma abordagem relacional da informação (campo<br />
informacional) e permite ver a questão do usuário e suas necessidades informacionais sob<br />
um novo ângulo, pois assume uma postura ativa como um sujeito social, capaz de elaborar<br />
a informação que lhe é dirigida de acordo com um quadro de referência interno, respaldado<br />
em suas experiências e conhecimentos prévios e num determinado contexto social,<br />
histórico e cultural (habitus informacional).<br />
Dessa forma, a informação é, na realidade, uma probabilidade ou uma proposta de<br />
sentido que só se concretiza no usuário na condição de sujeito social. Pode-se falar então<br />
de práticas informacionais (MARTELETO, 1994) para dizer de uma mediação na relação<br />
do sujeito com a realidade, de mecanismos por meio dos quais os agentes sociais<br />
selecionam (aceitando ou rejeitando) determinados sentidos de acordo com dispositivos<br />
socioculturais. Dessa maneira, em suas interações sociais os sujeitos apropriam-se das<br />
informações, agregando-lhes novos valores e conteúdos.<br />
Nesta pesquisa, presume-se que os Consep são um tipo de organização que, embora<br />
tenham sido, inicialmente, estimuladas, ou mesmo criadas, pela PM, vêm sendo, aos<br />
poucos, apropriadas pela comunidade, num processo que enfrenta dificuldades, idas e<br />
vindas, e no qual a informação pode ser abordada da perspectiva da lógica informal da vida<br />
real. Portanto, como um objeto (tradicional) da análise antropológica e também como parte<br />
de um campo social no qual se desenrolam disputas de natureza simbólica, ou seja,<br />
informação em movimento num processo de comunicação.<br />
Perguntou-se então: Que informações são ali construídas? Que práticas<br />
informacionais são ali desenvolvidas? Que informações ganham maior sentido? Que<br />
informações são rejeitadas? Quais as dificuldades encontradas para dar sentido às<br />
informações trazidas ao Consep, através de seus membros? Que dispositivos ou critérios<br />
sócio-culturais de seleção são adotados?<br />
A pesquisa, portanto, assume dois pressupostos e procura articular-se com base<br />
neles. O primeiro, de cunho teórico, diz que a informação precisa fazer sentido para ser<br />
considerada como tal, e isso quer dizer que não ocorre naturalmente, mas precisa ser<br />
buscada e, aí sim, encontrada, num processo que só pode ser realizado por um sujeito<br />
ativo, detentor de subjetividade, que faz escolhas dentro de um determinado contexto.<br />
Entretanto, como um processo interpretativo, esse não ocorre num vazio, mas no contexto<br />
de uma realidade sociohistórico-cultural no qual o habitus (e o campo social) têm relevante<br />
papel.