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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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2.11 Marteleto: as razões de uma antropologia da informação<br />

Vimos que numerosos autores da CI consideram que a área tem como objeto um<br />

fenômeno que, longe de ser uma coisa ou algo em si mesmo, é uma construção social.<br />

Existem, no entanto, aqueles que consideram isso um incômodo, pois gostariam de poder<br />

medir a informação com precisão matemática e, talvez, que ela não gerasse tantos problemas e<br />

discussões quanto gera. Nesta investigação opta-se por tomar a formulação inicial como uma<br />

descoberta instigante e como uma complexidade desafiadora.<br />

Nessa perspectiva, como se viu, muitas coisas podem adquirir um valor informativo,<br />

pois são os sujeitos usuários (ou receptores) da informação que, num contexto cultural, vão<br />

selecionar o que é ou deixa de ser informação e criar meios para comunicar suas experiências<br />

e aprendizagens uns aos outros. De um ponto de vista epistemológico, diz-se que o sujeito<br />

cognitivo da informação é sociohistórico, devendo-se considerar, portanto, que as práticas<br />

informacionais acontecem de maneira desigual no interior da cultura, sobretudo na sociedade<br />

contemporânea, também chamada sociedade da informação, na qual tem assumido crescente<br />

conotação política (disputa simbólica) e forte dimensão econômica.<br />

Para que ocorra, a informação depende de uma série de fatores, mas, sobretudo, precisa<br />

fazer sentido para alguém, razão pela qual, muitas vezes, leva tempo para que seja elaborada e<br />

reconhecida como tal. Tem, portanto, relação com produção de (novos) sentidos, com o<br />

conhecimento e a produção de (novos) conhecimentos e, até mesmo, com a reafirmação ou<br />

consolidação de conhecimentos já estabelecidos. Pode ser entendida, portanto, como<br />

“elaboração crítica”, ficando implícita na afirmação a idéia de que o processo informacional<br />

pressupõe uma história, um amadurecimento de questões e uma preparação, tanto da parte dos<br />

emissores, como dos receptores e mediadores, para que se realize em toda a sua plenitude.<br />

Nesses termos, para estudar a informação faz-se necessário buscar subsídios teóricometodológicos<br />

nas ciências sociais. A antropologia, ciência voltada para a compreensão da<br />

diversidade de comportamentos existentes entre os seres humanos, apesar de sua unidade<br />

biológica (LARAIA, 2002), afigura-se como uma rica fonte de recursos capazes de contribuir<br />

para a compreensão desse fenômeno como uma construção social e de guiar a pesquisa<br />

empírica.<br />

Partindo da inesgotável capacidade humana de simbolizar, num processo através do<br />

qual, diferentemente de outros seres vivos, os homens adquirem a possibilidade de

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