14.10.2014 Views

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

143<br />

histórica entre diferentes classes sociais que lutam umas contra as outras. Essas premissas,<br />

tomadas de Marx, são ampliadas por Bourdieu (2002) em dois sentidos: quanto à natureza<br />

dos mecanismos de dominação e quanto à definição de classes sociais. A idéia de<br />

dominação simbólica (ou cultural) é introduzida, indo-se além da idéia de dominação<br />

exclusivamente econômica, e uma visão relacional das diversas posições sociais é adotada,<br />

significando isso que uma classe social não se define isoladamente, por si mesma, mas em<br />

sua relação com as outras.<br />

A sociedade humana compõe-se do conjunto de campos sociais, mais ou menos<br />

autônomos e com lógicas próprias, atravessados por conflitos e lutas entre as classes. A<br />

evolução social e a divisão do trabalho determinam o aparecimento dessas diferentes áreas<br />

ou universos: o campo econômico, cultural, religioso, jurídico, político, etc. A posse e a<br />

composição relativa dos diversos tipos de capital (econômico, cultural, simbólico, social,<br />

político, etc.) estruturam o campo social e a posição dos agentes. Se, por um lado, é<br />

possível estabelecer propriedades gerais dos campos, por outro lado, neles se desenrolam<br />

disputas específicas, pois têm história própria e relativa autonomia em relação a outros<br />

campos, embora com eles se articulem.<br />

Bourdieu recorta o campo social em três classes básicas: as classes dominantes,<br />

cujos membros, que detêm diferentes tipos de capital num volume elevado, definem a<br />

cultura legítima; a pequena burguesia caracterizada pelo grande desejo de ascensão social<br />

e, por isso, possuidora de pouca autonomia cultural e, finalmente, as classes populares,<br />

definidas pela quase ausência de capital, pelo que são limitadas à escolha do necessário.<br />

Assim, para explicar o comportamento social dos agentes no interior dos diversos<br />

campos sociais, pode-se, de certa forma, lançar mão da analogia com um jogo, no qual as<br />

estratégias dos agentes ou jogadores objetivam a conservação ou o acúmulo de um máximo<br />

de capital, o que depende do volume e da estrutura de seu capital atual na sua relação<br />

proporcional com a sociedade como um todo. A luta para ocupar a posição dominante é<br />

inerente a qualquer campo, razão pela qual indivíduos que estiverem ocupando posições<br />

dominantes optarão por estratégias de conservação, enquanto outros poderão tentar a<br />

transformação das regras do jogo (estratégias de subversão). Pode-se assim dizer que os<br />

campos sociais são campos de força e de luta por mudança ou conservação.<br />

Definido como um espaço onde se realiza um embate por posições entre os atores<br />

em torno dos interesses específicos característicos, um campo depende, para sua existência,<br />

da disposição dos agentes em investirem na aquisição de capitais (bens) que lhes permitam

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!