INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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histórica entre diferentes classes sociais que lutam umas contra as outras. Essas premissas,<br />
tomadas de Marx, são ampliadas por Bourdieu (2002) em dois sentidos: quanto à natureza<br />
dos mecanismos de dominação e quanto à definição de classes sociais. A idéia de<br />
dominação simbólica (ou cultural) é introduzida, indo-se além da idéia de dominação<br />
exclusivamente econômica, e uma visão relacional das diversas posições sociais é adotada,<br />
significando isso que uma classe social não se define isoladamente, por si mesma, mas em<br />
sua relação com as outras.<br />
A sociedade humana compõe-se do conjunto de campos sociais, mais ou menos<br />
autônomos e com lógicas próprias, atravessados por conflitos e lutas entre as classes. A<br />
evolução social e a divisão do trabalho determinam o aparecimento dessas diferentes áreas<br />
ou universos: o campo econômico, cultural, religioso, jurídico, político, etc. A posse e a<br />
composição relativa dos diversos tipos de capital (econômico, cultural, simbólico, social,<br />
político, etc.) estruturam o campo social e a posição dos agentes. Se, por um lado, é<br />
possível estabelecer propriedades gerais dos campos, por outro lado, neles se desenrolam<br />
disputas específicas, pois têm história própria e relativa autonomia em relação a outros<br />
campos, embora com eles se articulem.<br />
Bourdieu recorta o campo social em três classes básicas: as classes dominantes,<br />
cujos membros, que detêm diferentes tipos de capital num volume elevado, definem a<br />
cultura legítima; a pequena burguesia caracterizada pelo grande desejo de ascensão social<br />
e, por isso, possuidora de pouca autonomia cultural e, finalmente, as classes populares,<br />
definidas pela quase ausência de capital, pelo que são limitadas à escolha do necessário.<br />
Assim, para explicar o comportamento social dos agentes no interior dos diversos<br />
campos sociais, pode-se, de certa forma, lançar mão da analogia com um jogo, no qual as<br />
estratégias dos agentes ou jogadores objetivam a conservação ou o acúmulo de um máximo<br />
de capital, o que depende do volume e da estrutura de seu capital atual na sua relação<br />
proporcional com a sociedade como um todo. A luta para ocupar a posição dominante é<br />
inerente a qualquer campo, razão pela qual indivíduos que estiverem ocupando posições<br />
dominantes optarão por estratégias de conservação, enquanto outros poderão tentar a<br />
transformação das regras do jogo (estratégias de subversão). Pode-se assim dizer que os<br />
campos sociais são campos de força e de luta por mudança ou conservação.<br />
Definido como um espaço onde se realiza um embate por posições entre os atores<br />
em torno dos interesses específicos característicos, um campo depende, para sua existência,<br />
da disposição dos agentes em investirem na aquisição de capitais (bens) que lhes permitam