INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
45<br />
subjetivos da coletividade local. Daí a importância dos Consep como locus de troca de<br />
informação e de práticas informacionais.<br />
Não é difícil entender quão pouco produtiva é a estratégia reativa. Pode-se observar,<br />
por exemplo, que, embora, possa a polícia posicionar-se em pontos considerados estratégicos<br />
e, assim, diminuir seu tempo de chegada ao local do crime, é inútil e ilusório pretender chegar<br />
antes dos criminosos, prevendo o momento e o local de um crime, fato extremamente raro, que<br />
só ocorreria por uma coincidência fortuita. Além do mais, na maioria dos eventos, a vítima<br />
nunca avisa imediatamente a polícia, seja pela demora em dar-se conta do problema ou por<br />
razões psicológicas: espera refazer-se emocionalmente para, então, falar com a polícia.<br />
Nesse modelo, na maioria das vezes, quando a polícia chega o ofensor já está muito<br />
distante, e o policial, extremamente dependente de informações da vítima ou de testemunhas,<br />
quando houver, muito pouco fica sabendo sobre os problemas e situações.<br />
Finalmente, há evidências convincentes de que o número de casos elucidados e as taxas<br />
de prisão pouco influem sobre as taxas de crime. Na realidade, como sugerem várias<br />
experiências e pesquisas, mais importante do que isso é o policial informar-se e tomar<br />
conhecimento acerca do contexto em que se desenrolaram as ocorrências e sobre as<br />
preocupações e temores da população. O grande desafio para a polícia está em alterar uma<br />
ordem de prioridades muito presente na cultura do policial de linha.<br />
À escassez de informações a respeito dos problemas e elementos contextuais<br />
relacionados à ocorrência de delitos, opõe-se a ênfase atribuída pelos<br />
policiais ao crime em si e às intenções dos criminosos em cometê-lo. A<br />
identificação e controle preventivo de uma série de outros fatores,<br />
considerado facilitadores de ações criminosas (...), são postos em segundo<br />
plano em face da prioridade dada à prisão de criminosos para dissuadir e<br />
prevenir crimes (SOUZA, 1999, p.49).<br />
Além de tudo, os policiais de linha, ao contrário do que normalmente se pensa e do<br />
mito de que a principal função da polícia é lidar com crimes violentos e efetuar prisões, usam<br />
a maior parte de seu tempo útil de trabalho em atividades de cunho assistencial. Entretanto,<br />
esse tipo de trabalho é considerado pouco importante e, até mesmo, inferior pela maioria dos<br />
policiais, que preferem voltar suas atenções para os crimes considerados “sérios”. Os<br />
chamados e as ocorrências de cunho assistencial são, nos EUA por exemplo, rotulados na<br />
cultura policial reativa de garbage calls.