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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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ciência social contemporânea – (...) – podem adquirir toda espécie de<br />

atualidade sensível que possibilita pensar não apenas realista e<br />

concretamente sobre eles, mas, o que é mais importante, criativa e<br />

imaginativamente com eles (GEERTZ: 1978, p.34).<br />

Faz-se necessário, então, discutir os problemas implícitos no desenvolvimento<br />

teórico da interpretação cultural. Geertz (1978) identifica duas características<br />

dificultadoras.<br />

Ele explica, primeiro, que o conhecimento da cultura antes “melhora” aos<br />

“arrancos” do que “cresce”, numa “curva ascendente de achados cumulativos” e, depois,<br />

que cada novo estudo, mais bem informado e conceitualizado pelos estudos anteriores,<br />

aprofunda-se ainda mais nas mesmas coisas já estudadas anteriormente, de forma que se<br />

torna mais “incisivo”, pelo que se mantem lado a lado com os outros, mas numa relação na<br />

qual se desafiam e são desafiados constantemente.<br />

Dentro daquele escopo, já mencionado, de ampliação do diálogo humano (ou com o<br />

outro), a antropologia interpretativa pretende ter “acesso ao mundo conceitual” no qual os<br />

sujeitos vivem, de forma a poder, em sentido amplo, “conversar com eles”. Geertz (1978)<br />

admite a existência de uma tensão irremovível entre as dificuldades impostas por essa<br />

necessidade de aprendizagem (penetrar num universo não-familiar de ação simbólica) e as<br />

exigências da análise, ligadas ao avanço técnico na teoria da cultura. Conclui pela<br />

impossibilidade ou inutilidade de uma teoria geral de interpretação cultural, pois “a tarefa<br />

essencial da construção teórica não é codificar generalidades abstratas, mas tornar possível<br />

descrições minuciosas; não generalizar através dos casos, mas generalizar dentro deles”<br />

(p.36).<br />

O segundo ponto levantado diz respeito a uma “abordagem clínica ao uso da<br />

teoria”, cujo ponto fundamental esclarece que a teoria cultural não é profética, ou seja, ela<br />

não prediz, mas diagnostica, por exemplo, uma doença, decidindo se alguém a possui ou<br />

não. No máximo, pode antecipar que alguém pode contraí-la em breve.<br />

... a conceitualização é dirigida para a tarefa de gerar interpretações de<br />

assuntos já sob controle, não para projetar resultados de manipulações<br />

experimentais ou para deduzir estados futuros de um sistema<br />

determinado. (...) As idéias teóricas não aparecem inteiramente novas a<br />

cada estudo; como já se disse, elas são adotadas de outros estudos<br />

relacionados e, refinadas durante o processo, aplicadas a novos problemas<br />

interpretativos (GEERTZ, 1978, p.37).

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