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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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A ligação básica através da qual os indivíduos conquistam a unidade numa<br />

cultura é através da comunicação da informação. Assim, a informação é o<br />

cimento com o qual a estrutura da sociedade é mantida unida. Uma cultura,<br />

pelo menos por definição, produz um transcrito, um registro em forma mais<br />

ou menos permanente que pode ser transmitido de geração em geração. Em<br />

sociedades primitivas não letradas esse registro toma a forma de um ritual<br />

verbal, lendas, poemas e cerimoniais (SHERA, citado ZANDONADE, 2003,<br />

p.53).<br />

Para o autor, é esse “transcrito social”, na forma de documentos, que caracteriza as<br />

sociedades modernas e, multiplicando-se rapidamente, vai gerar um volume crescente de<br />

informações, que chamou de “dilúvio de papel”. Ele problematizou essa questão, vendo nela<br />

um paradoxo no qual há uma relação direta entre a dificuldade de acesso ao conhecimento<br />

transcrito e a necessidade ou dependência dele. Utilizando suas próprias expressões: “o dilúvio<br />

de papel pode ameaçar tragar-nos, mas sem ele morreremos de sede intelectual” (SHERA,<br />

citado por ZANDONADE, 2003, p.53). A partir daí, identifica e sublinha a importância da<br />

sociologia do conhecimento para a prática dos bibliotecários, o que pode ser perfeitamente<br />

estendido para o campo da pesquisa e da prática da CI, de uma maneira mais geral.<br />

Com esse autor chega-se à compreensão de que os diversos modos de disseminação e<br />

comunicação da informação influenciam o comportamento dos grupos sociais, modelando o<br />

seu entendimento cognitivo da realidade. A informação é concebida como um transcrito da<br />

cultura que exerce considerável influência naquilo que o homem crê como verdadeiro, na sua<br />

imagem de mundo e, conseqüentemente, influencia também seu comportamento individual e<br />

social. Nesse sentido, as bibliotecas são tomadas como fenômeno sociológico, pois fazem<br />

parte de um sistema de comunicação social.<br />

Também ficam evidenciadas as relações da epistemologia social com a semântica (ou<br />

semiótica), pois observa-se que tanto o conhecimento quanto o conhecimento do<br />

conhecimento são transmitidos e disseminados através de um meio simbólico. Cassirer é<br />

lembrado por Shera, quando diz que “o homem vive num mundo simbólico de sua própria<br />

criação coletiva, que possui como uma de suas principais funções a organização e a explicação<br />

da experiência” (ZANDONADE, 2003, p.54).<br />

Com sua epistemologia ou cognição social Shera introduz na CI uma discussão<br />

bastante ampla. Em busca de uma fundamentação mais sólida para a documentação e a

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