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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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146<br />

4.4.1 O conceito de habitus<br />

Com esse conceito Bourdieu procura explicar como o homem se torna um ser<br />

social. A socialização se dá pela formação do habitus, um sistema de disposições<br />

duradouras adquiridas pelo indivíduo ao longo de um processo no qual as relações sociais<br />

são apreendidas, isto é, as normas, valores e crenças de uma determinada coletividade ou<br />

classe são assimiladas. Através da família (socialização primária) e da educação escolar<br />

(socialização secundária), esquemas de percepção e ação são aprendidos numa perspectiva<br />

da classe social à qual o indivíduo pertence. Ele adquire uma disposição para reproduzir<br />

espontaneamente, por seus pensamentos, palavras e ações, as relações sociais estabelecidas<br />

por ocasião da aprendizagem.<br />

É nesse sentido que o habitus é considerado um mecanismo de interiorização da<br />

exterioridade, no qual sujeitos situados em condições sociais diferentes vão adquirir<br />

disposições diferentes. Inscrito no sujeito, o habitus primário passa a condicionar as<br />

experiências subseqüentes, ou seja, a aquisição de novas disposições pelo indivíduo<br />

(habitus secundário).<br />

Embora crie disposições fortes e duradouras, essa estrutura interna não é<br />

inteiramente fixa, pois está sempre se reestruturando, como resultado que é da experiência<br />

passada em confronto com o presente. Assim, as práticas e representações individuais não<br />

são nem totalmente determinadas, pois os agentes fazem escolhas, nem totalmente livres,<br />

pois as escolhas são orientadas pelo habitus.<br />

Essa reestruturação, entretanto, de acordo com Bourdieu (1991) não deve ser<br />

entendida como um processo incessante que se dá facilmente e ao sabor das circunstâncias<br />

vividas. Na verdade, o habitus apresenta uma forte inércia, e cada indivíduo é apenas uma<br />

variante do habitus de sua classe social. A questão deve ser entendida como uma<br />

homologia, ou seja, como uma “diversidade na homogeneidade” (p.104). Pode-se falar, de<br />

maneira simplificada, que as diferentes personalidades individuais são, na realidade,<br />

variantes de uma personalidade social. Numa analogia estatística, pode-se falar na<br />

existência de um habitus modal, mais freqüente, ligado a determinada classe social, em<br />

torno do qual se dá uma dispersão correspondente às individualidades, à história<br />

individual.<br />

Com esse conceito Bourdieu (1991) pretendeu superar uma oposição, que considera<br />

artificial, presente nas teorias sobre a socialização, entre objetivismo e subjetivismo. No<br />

primeiro caso, considera-se que a sociedade exerce uma forte coerção sobre o

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