INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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são capazes de interferir na produção (ou reprodução) desses conhecimentos, construindo um<br />
discurso meta-informacional que tende a gerenciar o discurso do campo no qual se insere.<br />
O sujeito do conhecimento, universal ou psicológico, que fundamenta a maioria dos<br />
trabalhos na CI, é a-histórico e estes não conferem papel significativo ao caráter social do<br />
conhecimento. Desconsidera-se que cada grupo social constrói uma consciência comum que<br />
estrutura suas práticas informacionais. Equivale dizer que o sujeito (usuário-gerador ou<br />
produtor) da informação não é um produto de mecanismos biológicos e deterministas, mas<br />
assume um caráter sociohistórico, no qual se constitui a partir dos interesses, conflitos e<br />
contradições próprios de sua classe ou grupo social, ou seja, politicamente 13 .<br />
Ao refletir sobre as concepções do sujeito usuário de informação presentes nas teorias<br />
e tecnologias da informação, Gonzáles de Gómes (1984) identifica um ponto de vista formal<br />
universalista que admite a existência de categorias e operações racionais-universais anteriores<br />
e independentes dos atos de conhecimento. A idéia central é a de um sujeito a-histórico e<br />
abstrato e de uma lógica natural trans-cultural e trans-social. Austim seria o autor<br />
representativo desse ponto de vista.<br />
Já num ponto de vista psicologista, na sua forma empírico-associacionísta, que tem em<br />
Farradane o seu principal representante na CI, o sujeito combina, a partir de suas experiências,<br />
percepções elementares que são generalizadas, gerando produtos complexos da experiência.<br />
Nesse caso, há uma unidade psicológica de processamento da informação que atua frente às<br />
multiplicidades de conteúdos e linguagens ou sistemas de significados. Os principais<br />
mecanismos de combinação dos conceitos seriam a associação e a discriminação.<br />
De comum entre esses autores existe a tentativa de encontrar um a priori, ou seja,<br />
antecipações e previsões que possam embasar enunciados explicativos e modelos operacionais<br />
de RI de caráter universal.<br />
Uma terceira concepção diz respeito ao conhecimento objetivo, que tende a considerar<br />
a informação como um produto exteriorizado das atividades de conhecimento, o que já se<br />
comentou quando se falou de Brookes.<br />
Buscando situar e entender a CI, Gonzáles de Gómes (1984) explora também as<br />
transformações ocorridas no estatuto do conhecimento e da informação, ou seja, o surgimento<br />
da indústria da informação. Observa, então, que, na atualidade, busca-se um saber operatório,<br />
13 Nesse sentido é que, mais à frente, vai se falar em um habitus informacional.