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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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Minayo (1992) também enfoca importantes características do conhecimento e do<br />

saber produzidos pelas pesquisas qualitativas, que devem ser atentamente consideradas,<br />

pois definem alguns de seus limites. São elas: aproximação, inacessibilidade, vinculação<br />

entre teoria e ação e caráter originariamente interessado e, ao mesmo tempo, relativamente<br />

autônomo do conhecimento. Não se pode pensar na construção de objeto sem levar em<br />

conta esses elementos.<br />

Com o termo aproximação a autora refere-se ao fato de que não se pode pretender<br />

um conhecimento definitivo ou uma palavra final sobre determinada questão. Em vez<br />

disso, a pesquisa qualitativa busca fazer avanços consistentes em relação àquilo que já foi<br />

produzido. O conhecimento científico é, portanto, uma construção baseada em outros<br />

conhecimentos, na qual se trabalha sobre as descobertas de outros pesquisadores e<br />

exercita-se a cooperação, num processo de tentativas de aproximação da realidade. Isso<br />

significa que sempre haverá interesse em novas discussões e espaço para que aconteçam.<br />

Por inacessibilidade, entende-se que as idéias que são feitas sobre a realidade e os<br />

fatos são sempre imperfeitas, imprecisas e parciais. Cada teoria formula o objeto de<br />

pesquisa segundo seus pressupostos, o que faz do conhecimento uma representação do real<br />

sob determinado ponto de vista, uma tentativa de reproduzir o real de uma determinada<br />

maneira.<br />

Por vinculação entre teoria e ação, entende-se que nada pode se constituir como<br />

problema intelectual se não tiver sido, numa primeira instância, um problema prático, ou<br />

seja, o conhecimento e a escolha de um tema de pesquisa não emergem espontaneamente<br />

da realidade, mas de interesses e circunstâncias social e historicamente determinados. É<br />

importante ter em mente esse ponto, para que questões de alcance limitado, que só fazem<br />

sentido na perspectiva de uma determinada classe social, não sejam problematizadas sem<br />

levar em conta o conjunto da sociedade. Isso quer dizer também que a prática prevalece<br />

sobre a teoria sem, no entanto, desvincular-se dela. Mais que isso, é possível ver aqui que,<br />

se aquela prevalece sobre esta, é porque a vocação da teoria social consiste em estimular<br />

mudanças e em buscar a transformação social.<br />

Sendo a escolha do tema a ser problematizado produto de interesses e<br />

circunstâncias socialmente condicionados e de uma determinada inserção no real, chega-se,<br />

então, ao caráter originariamente interessado do conhecimento. Assim, o que se constitui<br />

(ou não) como um problema depende muito do modo como o pesquisador se insere na<br />

realidade social. Entretanto, pode-se, por um outro lado, como propôs Mannheim, falar

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