INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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Há outros casos que ilustram essa mesma situação. O EFE7 narrou o caso de um<br />
“flanelinha” que, numa reunião com policiais, informou ao comandante sobre a necessidade<br />
de consertar um bueiro estourado, que obrigava os motoristas a uma considerável diminuição<br />
de velocidade dos carros, criando oportunidades para a ação de assaltantes. Evidencia-se a<br />
importância dessas reuniões, que não existiam num passado recente, e de serem ouvidos<br />
alguns atores sociais, como os “flanelinhas”, por exemplo, que também não eram ouvidos.<br />
Quando foi perguntado se em outros tempos esse tipo de informação seria negligenciado, ele<br />
admite que sim:<br />
Agora nós temos uma visão diferente. Essa informação é importante para<br />
nós. Não para uma atuação direta, mas indireta. E nós temos que mobilizar<br />
os órgãos que são envolvidos nisso, porque isso aí também vai influenciar no<br />
nosso resultado. Se alguém me trouxe uma informação, ele não trouxe para a<br />
PM. Muitas vezes esse tipo de informação é trazida para o Estado, para<br />
quem está governando o Estado, e a PM, como eu falo, ela é a pele do<br />
Estado, ela é o primeiro embate, é ali que chega. Como é a pele, ela recebe<br />
essa informação e, então, ela tem que saber conduzir corretamente essa<br />
informação, absorver: não faço isso, mas eu vou te levar a quem faça. E leva.<br />
Quer dizer, já repassa uma outra informação. E tem muita informação desse<br />
tipo. Tem muita, não é pouca não, é muita! (EFE7).<br />
Na verdade, ele está falando de uma nova maneira de pensar o trabalho policial no<br />
contexto da segurança pública, na construção de uma nova relação com a comunidade,<br />
mediada por um novo tipo de informação que, a rigor, não existia antes para o policial. O<br />
policial, pela sua presença visível na comunidade, passa a exercer e, sobretudo, a reconhecerse<br />
numa função de mediador da informação, articulando a solução dos problemas. Pode estar<br />
havendo uma mudança em curso nas organizações policiais e até mesmo na comunidade em<br />
relação à forma de pensar a segurança pública. Novas informações estão sendo selecionadas e<br />
reconhecidas como tal. Entretanto, mesmo alguns policiais mais diretamente envolvidos com<br />
as mudanças, pode-se dizer os mais progressistas, não estão muito seguros se esta pode ser<br />
considerada uma informação ligada à segurança pública, ou seja, se cuidar desses problemas é<br />
uma função da PM.<br />
Além disso, pode-se ver, através da fala desses oficiais, uma polícia mais ciente de<br />
suas próprias limitações e, mais que isso, procurando articular-se com outros órgãos públicos.<br />
A inteligência adquire, no campo da segurança pública, pelo menos nesse nível hierárquico da<br />
atividade policial, também um sentido de cooperação interinstitucional entre as agências do<br />
Estado.<br />
a inteligência uma atividade necessária, mas imprópria sob o ponto de vista ético, a espionagem sempre<br />
desfrutou de grande prestígio no oriente” (p. 22).