INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
94<br />
que possui uma lógica (própria) da experiência vivida, pode adquirir um novo sentido,<br />
tornando-se contextualizado.<br />
Não se deve, entretanto, conceber o “terceiro conhecimento” como um produto, mas<br />
como um construto de ordem prática e simbólica que propicia aos agentes destreza para lidar<br />
com questões concretas do cotidiano ou resolução de problemas. Trata-se de um meio de<br />
valorização e fortalecimento de elos de apoio social e de capacidades inventivas que “têm<br />
como correlato a formação de uma rede de sentidos tecida nas relações contraditórias entre<br />
diferentes formas de apropriação e expressão do conhecimento” (NÓBREGA, 2002, p.71). Na<br />
verdade, é um construto que permite enfocar o trabalho coletivo como forma de superação do<br />
isolamento e fragmentação do conhecimento, na qual novos sentidos são criados para as<br />
situações concretas de vida.<br />
Por isso, pode-se dizer que o terceiro conhecimento é complexo, ou seja, não pode ser<br />
entendido de uma só vez. Vai sendo construído em facetas, em caráter provisório, mutável,<br />
relacional, em rede e em movimento constante, sendo o lugar/momento da mescla, do<br />
estranhamento, da informação-difusão, mas, sobretudo, da invenção criativa que aproxima<br />
conhecimento e ação social, constituindo-se muito mais como elaboração crítica da realidade<br />
vivida (experiência) do que como recuperação histórica (memória) e organização de<br />
informações.<br />
Marteleto (2000) explica que foi em função das demandas no campo da saúde pública<br />
que ocorreram as primeiras interações entre especialistas/acadêmicos e grupos populares. Com<br />
o tempo, por aproximações sucessivas, redes de contatos formaram-se entre essas pessoas que,<br />
inserindo-se de muitas maneiras no espaço social, detinham diferentes visões e conhecimentos<br />
sobre a saúde e também diferentes informações sobre as doenças. A luta por melhores<br />
condições de vida e saúde no bairro constituía o objetivo comum que fortalecia os laços e<br />
estruturava a rede de informação e práticas geradoras do “terceiro conhecimento”, um<br />
construto que se configurou durante o processo de pesquisa, do qual podem ser retirados<br />
alguns pressupostos teóricos.<br />
Em primeiro lugar, a informação não é uma entidade ou corpo fechado em si mesmo<br />
ou ainda simples registro de um evento, ação ou reflexão. Em segundo lugar, diferentemente<br />
disso, ela encontra-se na imbricação dos atos, falas, relações e representações dos agentes<br />
sociais. E, por último, como um corolário das proposições anteriores, tem-se que a busca de