INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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informação e das práticas informacionais, devidas às diferenças verificadas no contexto das<br />
relações sociais.<br />
De preferência à idéia de um “filtro seletivo”, que Wersig considera como estruturador<br />
básico dos processos de recepção e emissão de informações, González de Gómes (1984) fala<br />
em “matrizes sócio-cognitivas”, querendo, com isso, fazer referência a uma consciência social.<br />
Num processo de transmissão de informação a configuração histórica dessa<br />
consciência social opera como seletor e organizador de informação,<br />
aceitando, rejeitando ou deformando, segundo seus interesses concretos, o<br />
seu modelo cognitivo (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1984, p.111).<br />
A autora considera que, apesar de representar um grande avanço na CI, a abordagem de<br />
Werzig ignora a possibilidade de a informação, por não entendimento ou sobrecarga<br />
informacional, por exemplo, ser geradora de incertezas. Expressão de uma influência<br />
naturalista, essa limitação, ainda muito presente na CI e no tratamento dos fenômenos e<br />
questões informacionais de um modo geral, concebe as ações do sujeito fora de seu contexto<br />
histórico, desvinculadas da realidade social.<br />
Assim, não se considerou a possibilidade de uma informação geradora de incertezas,<br />
ou seja, aquela que possibilita a percepção de problemas e dos limites da consciência prévia<br />
sobre uma determinada realidade. Para usarmos os conceitos que Barreto (2002) buscou na<br />
psicologia da inteligência de Guilford e que serão citados à frente, só se considerou como<br />
informação aquela que é convergente com os conhecimentos prévios, esquecendo-se das<br />
formas divergentes de informação. Foram deixados de lado os ruídos, tal como em Shanon e<br />
Weaver.<br />
De fato, González de Gómes (1984) identifica duas tendências básicas na CI: (a) tratar<br />
naturalísticamente a dispersão da informação; (b) tomá-la como positividade, ou seja, como<br />
coisa. Ela explica essa situação pela divisão do trabalho social. Vê-se que é de fundamental<br />
importância considerar que as práticas informacionais e comunicacionais, ligadas à<br />
transmissão de conhecimentos, são organizadas desigualmente, tanto em termos de condições<br />
lógicas e cognitivas como em termos de condições materiais e sociais (não cognitivas); desde<br />
condições físicas e energéticas de arquivos e canais até as condições culturais, econômicas e<br />
políticas. Os sistemas de informação (SI), na realidade, reproduzem o conhecimento social e