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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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para a segurança pública. Valorizam-se, então, ações policiais repressivas e a punição como a<br />

melhor forma de deter a criminalidade.<br />

Trata-se de uma fórmula fácil e cômoda, baseada numa análise superficial e acrítica dos<br />

problemas que têm no enfrentamento direto do crime, na reação imediata à violação da lei e<br />

na ação contra os criminosos (SENTO-SÉ, 2005), suas melhores propostas para promover a<br />

defesa social. Assumindo, muitas vezes, um tom exagerado, essa perspectiva, preferida por<br />

grande parte da mídia, tende a espetacularizar a violência e alguns delitos, enfatizando seus<br />

aspectos mais irracionais, demonizando/desumanizando os infratores e, ao mesmo tempo,<br />

maniqueísticamente, realçando a inocência (e a pureza) das vítimas (BATISTA, 2002).<br />

Duvida-se, enfim, das soluções menos reativas e mais racionais, baseadas em medidas<br />

preventivas, na busca de uma maior coesão social (vigilância informal), na redução de<br />

oportunidades, na possibilidade de recuperação da grande maioria dos infratores, no controle<br />

externo da atividade policial (diminuição da violência policial) e outras práticas alternativas.<br />

No anexo 5, o Quadro 7 procura reunir diversos elementos que parecem caracterizar esse<br />

discurso, ao qual se preferiu chamar de “hegemônico” ao invés de “único”, como expressão<br />

que pode ser de um “habitus informacional” que tende a dominar (e impor-se) no campo da<br />

segurança pública, e que funciona dentro do Consep como uma “matriz sócio-cognitiva” que<br />

tende dominar os processos interpretativos e a construção de informações.<br />

(B) É interessante notar que a informação produzida pela mídia (em muitos aspectos<br />

semelhante ao “discurso criminológico hegemônico”), embora seja rejeitada por boa parte<br />

dos conselheiros como fonte fidedigna de informações, como vê-se nas reuniões e confirmase<br />

nas entrevistas individuais, acaba, na falta de outras fontes, sendo utilizada nos Consep,<br />

para preencher o “vazio informacional”. Pode-se, então, identificar, no interior do Consep,<br />

um discurso muito semelhante ao veiculado pela mídia, como, por exemplo, aquele que<br />

identifica “direitos humanos” como “privilégio para bandidos”. Portadora de uma mensagem<br />

fortemente ideológica, essa posição discursiva tende a interpretar os problemas de<br />

insegurança numa vertente apenas e tão somente criminal, ignorando outras perspectivas,<br />

como a do distanciamento social.<br />

Assim, pode-se ver que a informação fácil, palatável, conservadora e, até mesmo,<br />

preconceituosa, que é veiculada por uma mídia ávida pela produção de mercadorias

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