14.10.2014 Views

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

227<br />

Capítulo 7<br />

Conclusões<br />

Embora esteja cumprindo um papel importante, sobretudo ao promover uma<br />

aproximação entre a PM, a comunidade e a Polícia Civil em boa parte dos bairros que<br />

compõem a 17 ª CPM, o que não é pouco e já justifica sua existência, o Consep 17 tem<br />

preconizado e sustentado, preferencialmente, em suas reuniões, práticas muito mais<br />

características do policiamento reativo, repressivo, profissionalizado e hierarquizado, do<br />

que práticas inovadoras de natureza preventiva, que envolvam a participação efetiva da<br />

comunidade.<br />

Isso significa que o processo de construção de informações e as práticas<br />

informacionais correspondentes tendem a reproduzir o chamado “discurso criminológico<br />

hegemônico”, que se caracteriza por uma tendência à criminalização de todo tipo de<br />

desvio, dando origem a ações policiais que focalizam, quase que exclusivamente, os<br />

desviantes, e não o ambiente ou o contexto no qual ocorrem os problemas. Tende a<br />

prevalecer a crença na concepção monolítica tradicional, fortemente ideológica, que,<br />

despolitizando as discussões acerca da violência e da criminalidade, vêem no indivíduo,<br />

numa personalidade anormal e, por vezes, doentia, na pobreza (e no pobre), a principal<br />

fonte dos problemas que, então, podem ser resolvidos pelas polícias com base em medidas<br />

punitivo-repressivas e, na área da justiça, pelas penas exclusivamente privativas da<br />

liberdade.<br />

Assim, parece que o Consep acaba por assumir os problemas apenas numa<br />

perspectiva da polícia, negligenciando as perspectivas da comunidade, sobretudo daqueles<br />

grupos sociais que, mais expostos à violência e suas conseqüências, buscam a<br />

transformação social. Dessa forma, pode-se dizer que o fluxo ou movimento informacional<br />

faz-se muito mais da polícia para a comunidade e menos da comunidade para a polícia, ou<br />

seja, “de cima para baixo”. Prevalece, dessa forma, um modo de interpretação da realidade

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!