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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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um programa para facilitar a compra desse equipamento pelas famílias de baixa renda, o que<br />

redundou numa drástica redução das ocorrências.<br />

A ineficiência ou inexistência de serviços de assistência social podem contribuir para a<br />

perpetuação de problemas dessa natureza e também, fazem com que a polícia seja chamada,<br />

freqüente e reiteradamente, pela população, para atuar nas crises e conflitos nos quais a<br />

violência aparece como componente real ou potencial. Espera-se dela uma ação pacificadora,<br />

pois acaba representando, nessas situações, mais do que qualquer outra instituição social, uma<br />

referência de autoridade importante para a comunidade, sobretudo, por parte daqueles que não<br />

contam com qualquer outra estrutura de apoio social, como hospitais, escolas e, até mesmo,<br />

delegacias. Observa-se que, mesmo quando não existem normas legais para orientar uma<br />

tomada de decisão frente a determinados problemas, os policiais são considerados<br />

representantes da lei.<br />

De fato, as pesquisas sobre o trabalho de policiais mostram que eles empregam a maior<br />

parte do seu tempo em atividades de cunho social, lidando com situações imprevistas que<br />

exigem raciocínio, sensibilidade para coletar e selecionar informações relevantes, interpretar<br />

situações, negociar e dialogar com pessoas da comunidade (Souza, 1999). Pode-se dizer,<br />

então, que a polícia atua, muitas vezes, no limite entre a ordem e a transgressão, e suas<br />

decisões nem sempre significam conformidade absoluta à regra legal, pois os policiais tendem<br />

a agir de acordo com normas particulares relacionadas com pessoas, grupos e tudo o mais que<br />

diga respeito à ordem em diferentes situações (locais) e/ou momentos (horários). Assim, como<br />

já foi comentado, mais do que seguir preceitos legais e aplicar irrestritamente a lei, o policial<br />

orienta-se por conhecimentos práticos, socialmente construídos, a respeito de quais<br />

comportamentos são apropriados para determinados indivíduos e daquilo que pode ser<br />

considerado ordem num determinado contexto.<br />

Entretanto, esse conhecimento profissional prático (tácito), quando construído sem a<br />

participação efetiva das comunidades locais, que também dispõem de conhecimentos<br />

específicos, pode afastar (perigosamente) os policiais dos cidadãos, justamente daqueles que<br />

lhes dão legitimidade. Um dos fatores que distancia polícia e comunidade está ligado à cultura<br />

da organização, que, ao dar preferência às funções legais (law officers), demonstra dificuldade<br />

em incorporar o seu papel social, o que contribui para estigmatizar os policiais como agentes<br />

superiores aos cidadãos civis. A essa crença correspondem percepções coletivas ambivalentes

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