INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
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Outras afinidades importantes residem nos pressupostos básicos que orientam a<br />
construção de objetos na antropologia da informação: a informação está ligada a processos de<br />
elaboração de sentidos e também à organização da memória, sendo uma disciplina do campo<br />
das ciências sociais (MARTELETO, 2002, p.101). Referindo-se a esse segundo pressuposto, a<br />
autora esclarece que vai além de uma questão de classificação dessa ciência nesse ou naquele<br />
campo, mas de um fundamento constitutivo do objeto de estudo. Reafirma o entendimento de<br />
que vivemos em sociedades que constroem instituições cujo objetivo é a produção,<br />
processamento e disseminação da informação, que, nesse contexto, se torna um “artefato<br />
cultural”, ou seja, uma representação e uma expressão simbólica materializada em instituições,<br />
discursos e práticas, nos quais a razão é utilizada para a resolução de problemas.<br />
Nessa perspectiva, o objeto de estudo da CI deixa de ser apenas a informação contida<br />
em suportes físicos e eletrônicos, apenas a cultura/informação douta, científica e oficial, mas<br />
também o mundo cotidiano, a vida social real, onde um sujeito põe a “informação em<br />
movimento” pela comunicação, ao mesmo tempo em que aprende a viver e organizar<br />
cognitivamente sua própria realidade, gerando novos problemas, sínteses, descobertas e<br />
maneiras de ver o mundo, as situações e as outras pessoas (MARTELETO; RIBEIRO;<br />
GUIMARÃES, 2002). Na verdade, a antropologia da informação discute as condições sociais<br />
(políticas, econômicas e culturais) de produção, disseminação e uso da informação.<br />
Faz-se um aprofundamento que atende àquela necessidade de politizar as discussões no<br />
campo da CI. São identificadas duas faces da informação, correspondentes a diferentes modos<br />
de criação e recepção: uma mais “estática”, ligada à cultura douta, formal, registrada, e outra<br />
mais “dinâmica”, mais ligada à cultura popular, ao senso comum, à prática. Pode-se falar,<br />
também, em “pólos informacionais”, como o Estado, a mídia, a academia e a sociedade<br />
(comunidade e grupos sociais organizados). Cada um deles tem sua forma de produzir e<br />
utilizar a informação. Pode-se pensar, ainda, em diferentes modos de falar: discurso (mais<br />
institucionalizado e erudito) e narrativa (mais vivencial e popular).<br />
A importância de tratar a informação como documento ou conjunto de documentos,<br />
coisas, como diz Buckland, não é negada, mas uma outra perspectiva é também reconhecida e<br />
constituiu uma trajetória na direção da subjetividade, que se dá, por exemplo, quando trabalha<br />
com os conceitos de “excedente informacional” e “reserva simbólica”, recolhidos no terreno