INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
INFORMAÃÃO E SEGURANÃA PÃBLICA: A ... - Crisp - UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
67<br />
Egan, aquilo que chamou, na falta de uma denominação mais adequada, segundo ele próprio,<br />
de uma “epistemologia social”.<br />
De acordo com Zandonade (2003), que se dedicou numa tese de doutoramento ao<br />
estudo do trabalho desse autor, Shera focalizou seus estudos no “modo de comunicação social<br />
do conhecimento registrado”, procurando desenvolver uma “teoria da armazenagem e<br />
recuperação da informação”, que considerava a questão mais central da CI. O termo<br />
epistemologia social emerge no contexto dos debates sobre a classificação como instrumento<br />
de controle bibliográfico, reorientando a idéia de um sistema classificatório único, universal,<br />
baseado numa ordem natural, chamando a atenção para o fato de que as tentativas de<br />
organização do conhecimento estão condicionadas pelo espírito da época.<br />
A psicologia e a sociologia estavam, naquela época, muito mais voltadas para as<br />
motivações emocionais e informais que amalgamavam a estrutura social. Shera e Egan,<br />
entretanto, focalizaram os aspectos intelectuais, sobretudo os de natureza formal, que<br />
modelavam a sociedade, definindo a epistemologia social como “o estudo das formas como a<br />
sociedade consegue um relacionamento compreensivo com o seu ambiente” (SHERA, citado<br />
por ZANDONADE, 2003, p. 56) ou as “forças intelectuais que modulam as estruturas sociais<br />
e as instituições” (SHERA, 1977, p.10).<br />
A nova disciplina que aqui focalizamos (e à qual por falta de melhor nome<br />
chamamos de epistemologia social) deveria fornecer uma estrutura para a<br />
investigação eficiente de todo complexo problema dos processos intelectuais<br />
das sociedades – um estudo pelo qual a sociedade como um todo procura<br />
uma relação perceptiva com seu ambiente total. Levantaria o estudo da vida<br />
intelectual a partir do escrutínio do indivíduo para uma pesquisa sobre os<br />
meios pelos quais uma sociedade, uma nação ou cultura alcança a<br />
compreensão da totalidade dos estímulos que atuam sobre ela. O foco dessa<br />
nova disciplina seria a produção, fluxo, integração e consumo de todas as<br />
formas de pensamento comunicado através de todo o modelo social. De tal<br />
disciplina poderia emergir um corpo de conhecimentos e uma nova síntese da<br />
interação entre conhecimento e atividade social (SHERA, 1977, p.10).<br />
A informação, nessa perspectiva, seria um elo (mediadora) entre a cultura e o indivíduo<br />
e vice-versa e, conseqüentemente, um elemento de manutenção e construção de uma<br />
determinada estrutura social. Ao refletir sobre o papel social das bibliotecas, Shera (1977)<br />
expressa sua concepção antropológica de informação relacionando-a com a comunicação,<br />
nesse caso na forma de “transcrito social”.