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INFORMAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: A ... - Crisp - UFMG

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nos quais as vítimas não têm ciência de que estão sendo lesadas. Segundo, porque “os policiais<br />

tendem a conhecer pouco sobre as pessoas a quem devem segurança e sobre as situações em<br />

que se encontram” (SOUZA, 1999, p.47), o que compromete o bom desempenho da PM.<br />

Beato Filho (2001), argumentando em favor da utilização de informações estatísticas<br />

bem organizadas e confiáveis como um parâmetro adequado para orientar as atividades<br />

policiais em contextos específicos, observa que a análise desses dados demonstra “como a<br />

obsessão com formas ortodoxas de atuação policial tem sido ineficaz no controle da<br />

criminalidade”.<br />

No modelo tradicional de policiamento reativo os policiais não procuram saber sobre<br />

aquilo que amedronta as pessoas, sobre aquilo que mais as ameaça ou as faz sentirem-se<br />

inseguras. Em outras palavras, não dispõem das informações fundamentais para o bom<br />

exercício de grande parte de seu trabalho, pois, muito preocupados em identificar e prender<br />

suspeitos, esquecem-se daqueles que são os verdadeiros beneficiários de seus serviços. Sobre<br />

isso é bom lembrar que efetuar inúmeras prisões pode não ser um indicador muito interessante<br />

de eficiência policial, uma vez que essas ações podem estar voltadas para pessoas e para locais<br />

errados (BEATO FILHO, 2001).<br />

É bom lembrar, ainda, que é falaciosa a crença no poder dissuasivo da rapidez da<br />

reação da polícia no atendimento de um chamado. Ou seja, atender rapidamente a uma<br />

ocorrência não representa muito em termos de dissuasão de ofensores, ao contrário do que<br />

acreditam, implícita ou explicitamente, os mais entusiastas defensores do grande poder das<br />

tecnologias da informação e comunicação como forma de combate à criminalidade,<br />

desvinculada de práticas sociopreventivas 10 .<br />

... estudos mostram que a estratégia de esperar até que um delito ocorra para<br />

que os policiais entrem em ação baseia-se numa visão limitada da ação<br />

criminosa, significando, única e exclusivamente o rompimento de alguma<br />

regra legal. Desconsidera-se assim o contexto mais amplo dos problemas<br />

subjacentes que desencadearam a quebra da lei (SOUZA, 1999, p.48.).<br />

Daí a importância de se ouvir a comunidade e de orientar os esforços para selecionar<br />

informações (novas), que se refiram às vivências e experiências da população, aos aspectos<br />

10 Como exemplo ver Furtado (2002), num trabalho em que a questão informacional na segurança pública é<br />

tratada numa perspectiva tecnicista-reducionista, onde a rapidez e a agilidade do atendimento aos chamados é<br />

supervalorizada.

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