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Manual de redação e estilo do jornal O Estado de São Paulo - NAUI

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Lugar-comum 165<br />

Lugar-comum<br />

porte bretão ou esporte das multidões<br />

(futebol), tríduo <strong>de</strong> Momo (carnaval),<br />

precioso líqui<strong>do</strong> (água), astrorei<br />

(Sol), rainha da noite (Lua), solda<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> fogo (bombeiro), próprio da<br />

municipalida<strong>de</strong> (Pacaembu), o maior<br />

estádio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (Maracanã), enlace<br />

matrimonial (casamento), data<br />

magna da Cristanda<strong>de</strong> (Natal), tapete<br />

ver<strong>de</strong> (grama<strong>do</strong>), balão <strong>de</strong> couro<br />

(bola), instrumento <strong>de</strong> trabalho (ban<strong>de</strong>irinha),<br />

tiro <strong>de</strong> quina (escanteio),<br />

profissional <strong>do</strong> volante (motorista),<br />

etc.<br />

4 — As idéias. Não são apenas as<br />

palavras, frases, construções ou duplas<br />

que se reproduzem ao infinito<br />

nos textos, mas também as idéias ou<br />

formas <strong>de</strong> abrir as matérias. Por isso,<br />

<strong>de</strong>sconfie sempre <strong>de</strong> imagens “diferentes”<br />

que surjam prontas na sua cabeça<br />

e tente lembrar-se se não passam<br />

<strong>de</strong> recordações <strong>de</strong> outras que você já<br />

leu antes. A seguir, algumas <strong>de</strong>ssas<br />

fórmulas que aparecem com freqüência<br />

nos textos:<br />

a) Sonho—pesa<strong>de</strong>lo. A oposição<br />

sonho—pesa<strong>de</strong>lo é uma <strong>de</strong>las e veja<br />

exemplos reais <strong>de</strong> como ela já foi empregada<br />

em to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> reportagem<br />

ou notícia, principalmente nos títulos<br />

e leads: Casa própria, o sonho que<br />

vira pesa<strong>de</strong>lo / Sonho <strong>de</strong> carro vira<br />

pesa<strong>de</strong>lo nos consórcios / Classe<br />

média: acaba o sonho e começa mais<br />

um longo pesa<strong>de</strong>lo / Aposenta<strong>do</strong>ria,<br />

o sonho que vira pesa<strong>de</strong>lo a cada fim<br />

<strong>de</strong> mês / Ser o próprio patrão, outro<br />

sonho que virou pesa<strong>de</strong>lo / Sonho<br />

palmeirense <strong>do</strong> tri vira pesa<strong>de</strong>lo / O<br />

sonho <strong>de</strong> Israel virou pesa<strong>de</strong>lo.<br />

b) O D, P ou Z da DPZ. Repare<br />

quantas vezes você já leu: Duailibi, o<br />

D da DPZ, ou Petit, o P da DPZ, ou<br />

Zaragoza, o Z da DPZ. Lembre-se,<br />

então: a forma per<strong>de</strong>u toda e qualquer<br />

originalida<strong>de</strong>.<br />

c) A novela. Pense o mesmo com<br />

relação à palavra novela no senti<strong>do</strong> figura<strong>do</strong>.<br />

Ou você já não viu n vezes tí-<br />

tulos ou textos como: Encerrada a<br />

novela da venda da TV Jaraguá. /<br />

Chrysler no Brasil, longa novela que<br />

po<strong>de</strong> ter um final feliz. / Termina a<br />

novela e Juca vai para a Espanha. /<br />

Estréia <strong>de</strong> Rossana vira novela.<br />

d) Mestre Aurélio. Outra forma ultrabatida<br />

é escrever sobre um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

tema e começar o texto pela<br />

<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> dicionário, em geral precedida<br />

<strong>de</strong>: “Segun<strong>do</strong> mestre Aurélio”.<br />

E segue-se a explicação: brega é isto,<br />

corrupção é aquilo, leptospirose significa...,<br />

estrambótico quer dizer...<br />

e) Se estivesse vivo... Além <strong>de</strong><br />

óbvia, esta construção constitui<br />

outro lugar-comum a evitar. E, por<br />

mais incrível que pareça, sua freqüência<br />

no noticiário chega a preocupar:<br />

Se estivesse vivo, João <strong>de</strong> Almeida estaria<br />

completan<strong>do</strong> hoje 90 anos. E<br />

leva a absur<strong>do</strong>s como: Se estivesse<br />

vivo, Ivan <strong>do</strong>s Santos faria hoje 400<br />

anos.<br />

f) Não po<strong>de</strong>ria imaginar... Outro<br />

chavão, em geral introduzi<strong>do</strong> por<br />

quan<strong>do</strong>: Quan<strong>do</strong> fez tal coisa, fulano<br />

não po<strong>de</strong>ria imaginar que... / Quan<strong>do</strong><br />

recorreu ao Judiciário, o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong><br />

tal não po<strong>de</strong>ria imaginar que a sentença<br />

final lhe seria <strong>de</strong>sfavorável.<br />

g) O fantasma. Mais uma imagem<br />

repetitiva <strong>de</strong> que convém fugir. Em<br />

geral, alguma coisa traz <strong>de</strong> volta o fantasma<br />

<strong>de</strong> outra: Desemprego traz <strong>de</strong><br />

volta o fantasma da recessão <strong>de</strong> 83 /<br />

Corrida preços—salários traz <strong>de</strong><br />

volta o fantasma da hiperinflação /<br />

Decisão revive fantasma <strong>do</strong> AI-5 /<br />

Empresaria<strong>do</strong> teme a volta <strong>do</strong> fantasma<br />

<strong>do</strong> grevismo.<br />

h) Negócio da China. Já se abusou<br />

da imagem negócio da China para<br />

tornar mais “atraentes” títulos sobre<br />

a vinda <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong> missões daquele<br />

país: Missão traz negócio da China<br />

ao Brasil / Preços são verda<strong>de</strong>iros negócios<br />

da China / Negócio da China<br />

chega ao sertão <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste / Empre-

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