Manual de redação e estilo do jornal O Estado de São Paulo - NAUI
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Declarações textuais 87<br />
Declarações textuais<br />
va pelo local. “Fiquei presa no trânsito<br />
durante quatro horas.” Repare<br />
que não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhum<br />
outro verbo <strong>de</strong>clarativo <strong>de</strong>pois da segunda<br />
frase: fica claro que é a mesma<br />
pessoa quem fala.<br />
c) Não coloque nunca ponto para<br />
dar continuida<strong>de</strong> a uma <strong>de</strong>claração<br />
entre aspas. Por exemplo: “Foi horrível.<br />
Fiquei quatro horas presa no<br />
trânsito”, disse a advogada Denise<br />
Barros. O certo é quebrar a frase ao<br />
meio: “Foi horrível”, disse a advogada<br />
Denise Barros. “Fiquei quatro<br />
horas presa no trânsito.”<br />
d) Apenas na transcrição <strong>de</strong> trechos<br />
<strong>de</strong> discursos, pronunciamentos,<br />
<strong>do</strong>cumentos oficiais, or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> dia e<br />
mais alguns poucos textos como<br />
esses, será permitida a inclusão <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> uma frase entre aspas.<br />
Mesmo assim, a indicação virá sempre<br />
antes <strong>do</strong> trecho reproduzi<strong>do</strong>, e<br />
nunca <strong>de</strong>pois.<br />
O certo: Explicou o presi<strong>de</strong>nte:<br />
“Em 1950, havia <strong>do</strong>is parti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um<br />
só cria<strong>do</strong>r, Getúlio Vargas. Os lí<strong>de</strong>res<br />
<strong>do</strong> PSD não tinham o menor constrangimento<br />
em votar no candidato<br />
<strong>do</strong> PTB. Afinal, eram to<strong>do</strong>s ex-governa<strong>do</strong>res<br />
nomea<strong>do</strong>s por ele. A situação<br />
agora é muito diferente.” O erra<strong>do</strong>:<br />
“Em 1950, havia <strong>do</strong>is parti<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
um só cria<strong>do</strong>r, Getúlio Vargas. Os lí<strong>de</strong>res<br />
<strong>do</strong> PSD não tinham o menor<br />
constrangimento em votar no candidato<br />
<strong>do</strong> PTB. Afinal, eram to<strong>do</strong>s exgoverna<strong>do</strong>res<br />
nomea<strong>do</strong>s por ele. A situação<br />
agora é muito diferente”, explicou<br />
o presi<strong>de</strong>nte.<br />
Em entrevistas ou na reprodução<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarações isoladas, esta forma<br />
está vetada.<br />
e) Finalmente, não <strong>de</strong>speje sobre o<br />
leitor uma torrente interminável <strong>de</strong><br />
aspas, como neste exemplo: O prefeito<br />
<strong>de</strong>clarou que “o problema <strong>do</strong>s ambulantes<br />
vai ser resolvi<strong>do</strong>” e “o centro<br />
da cida<strong>de</strong> ficará limpo até o fim<br />
<strong>do</strong> mês”, porque “o compromisso<br />
<strong>de</strong>le é com a população <strong>de</strong> <strong>São</strong><br />
<strong>Paulo</strong>” e não apenas “com os que votaram<br />
nos candidatos <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>”.<br />
4 — Nunca <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> pôr entre aspas<br />
as palavras e expressões contun<strong>de</strong>ntes,<br />
redundantes ou óbvias que, pela<br />
estrutura da frase, possam ser atribuídas<br />
pelo leitor ao <strong>jornal</strong>, quan<strong>do</strong> na<br />
verda<strong>de</strong> são <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>: O time<br />
entrará em campo amanhã, “a menos<br />
que seja novamente burla<strong>do</strong> em<br />
seus direitos”, advertiu o presi<strong>de</strong>nte.<br />
/ Para o economista, o orçamento<br />
municipal é simplesmente “irresponsável”.<br />
/ O assaltante disse estar arrependi<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> crime, embora saiba<br />
que isso “não traz a menina <strong>de</strong> volta”.<br />
/ Ministro critica “histéricos” <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> financeiro.<br />
5 — Não recorra às <strong>de</strong>clarações<br />
textuais apenas como forma <strong>de</strong> contornar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s que você esteja<br />
ten<strong>do</strong> para traduzir as informações<br />
ou opiniões <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>. Mesmo<br />
que este diga, por exemplo, que o<br />
vulto era <strong>de</strong> difícil visualização, você,<br />
com maior proprieda<strong>de</strong>, escreva<br />
simplesmente: Segun<strong>do</strong> o entrevista<strong>do</strong>,<br />
a pessoa (ou figura ou vulto) era<br />
difícil <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar (ou distinguir ou<br />
ver).<br />
6 — Embora as <strong>de</strong>clarações entre<br />
aspas <strong>de</strong>vam transcrever com fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />
as palavras <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, adapte<br />
o texto às normas gramaticais, acerte<br />
as concordâncias, elimine as repetições<br />
muito freqüentes e contorne os<br />
vícios <strong>de</strong> linguagem. A menos, claro,<br />
que haja alguma razão para manter literalmente<br />
o texto.<br />
7 — A adaptação <strong>do</strong> texto às normas<br />
lingüísticas não <strong>de</strong>ve, porém, permitir<br />
que ele assuma caráter artificial.<br />
Uma jovem cantora, por exemplo, dificilmente<br />
diria frases como estas que<br />
lhe foram atribuídas: “Tu<strong>do</strong> entre nós<br />
sempre foi resolvi<strong>do</strong> no seio da família”<br />
ou “Meu pai não pô<strong>de</strong> aceitar verme<br />
posar nua para uma revista”. A<br />
expressão seio da família e a forma